Putin diz que contraofensiva da Ucrânia começou, mas até agora 'fracassou'
A anunciada contraofensiva da Ucrânia para retomar os territórios ocupados por Moscou já começou, mas não alcançou "seus objetivos", afirmou, nesta sexta-feira (9), o presidente russo, Vladimir Putin, enquanto os combates se intensificam no sul do país, e Kiev se mantém em silêncio sobre sua estratégia.
"Podemos afirmar plenamente que esta ofensiva começou", declarou Putin em um vídeo transmitido pelo Telegram. "As tropas ucranianas não alcançaram seu objetivo em nenhum dos campos de batalha", disse.
Putin afirmou, ainda, que "todos os esforços da contraofensiva fracassaram até agora, mas o regime de Kiev continua tendo potencial ofensivo".
Nesta sexta, os Estados Unidos anunciaram que vão enviar à Ucrânia nova ajuda militar no valor de 2,1 bilhões de dólares (10,2 bilhões de reais na cotação atual), o que inclui munições para os sistemas de defesa antiaérea Patriot, projéteis de artilharia, drones e munições para sistemas de foguetes guiados a laser.
As autoridades russas reportam combates intensos na região de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, mas afirmaram ter repelido vários ataques ucranianos.
"Nas últimas 24 horas, as forças ucranianas continuaram com suas tentativas de realizar ofensivas nas regiões de Iujno-Donetsk e Zaporizhzhia", informou o Ministério russo da Defesa, acrescentando que estas tentativas foram rechaçadas.
Pouco antes, Vladimir Rogov, dirigente da ocupação russa, havia anunciado a retomada dos "combates ativos na região de Orekhovo (nome russo de Orikhiv) e Tokmak", na região de Zaporizhzhia, na altura da atual linha de frente entre as forças russas e ucranianas.
As autoridades da Ucrânia e o exército, reforçado pelos envios de material ocidental, mantêm um perfil baixo e não comentaram as afirmações russas.
- Ataque com drone -
A contraofensiva ucraniana já começou, avaliaram diferentes observadores, entre eles o centro americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), que não espera "uma única grande operação", mas uma série de ações coordenadas.
Nas últimas semanas, a Ucrânia tem posto à prova as posições russas ao longo da linha de frente, do sul ao leste, uma forma, segundo os especialistas, de semear incertezas antes de executar um ataque decisivo.
Dentro do território russo, na cidade de Voronezh, a 200 km da fronteira com a Ucrânia, três pessoas ficaram feridas nesta sexta no choque de um drone com um prédio residencial, informaram as autoridades locais.
- Problemas de acesso à água potável -
Nas regiões de Kherson e Mikolaiv, no sul, as inundações causadas pela destruição, na terça, da represa de Kakhovka, no rio Dnieper, deixaram pelo menos 13 mortos: oito nas áreas sob controle russo e cinco nas ucranianas, onde também há 13 desaparecidos.
"Segundo as previsões, as cheias ainda podem durar dez dias", afirmou Vladimir Saldo, chefe da parte ocupada por Moscou na região, nomeado pela Rússia.
Tatiana Yoenko, uma mulher de 45 anos, moradora de Chornobaivka, contou que "a água já entrou nas ruas e nas casas".
"A cada duas horas, saio para ver se a água continua subindo", disse.
Na cidade de Kherson, o nível da água começou a baixar "pela primeira vez", segundo Laura Musiyan, do centro meteorológico local.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que visitou a área inundada na quinta-feira, afirmou nesta sexta que "para centenas de milhares de pessoas em várias cidades e vilarejos, o acesso à água está seriamente comprometido".
Kiev e Moscou trocam acusações pela destruição da represa.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, avaliou, nesta sexta, que "tudo parece indicar" que os russos destruíram a instalação.
O instituto de sismologia norueguês Norsar informou ter detectado uma "explosão" procedente da região ucraniana onde fica a represa de Kakhovka no momento de sua destruição, sem pôr fim ao debate.
Na frente judicial, a Corte Internacional de Justiça de Haia autorizou, nesta sexta, que vários países aliados da Ucrânia participem do processo em tramitação contra a Rússia pela invasão iniciada em fevereiro de 2022.
Enquanto isso, a Islândia anunciou o fechamento temporário, a partir de 1º de agosto, de sua embaixada em Moscou, tornando-se o primeiro país a tomar uma decisão deste tipo desde o começo da guerra.
A.Rispoli--PV