Pallade Veneta - Comissão Europeia propõe renovar autorização do glifosato no bloco

Comissão Europeia propõe renovar autorização do glifosato no bloco


Comissão Europeia propõe renovar autorização do glifosato no bloco
Comissão Europeia propõe renovar autorização do glifosato no bloco / foto: Jean-François Monier - AFP/Arquivos

A Comissão Europeia propôs, nesta quarta-feira (20), aos Estados-membros da União Europeia (UE) a renovação por dez anos da autorização do glifosato no bloco, após um relatório do regulador considerar que o nível de risco não justifica a proibição do herbicida polêmico.

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A proposta do Executivo europeu será analisada na próxima sexta-feira pelos 27 países da UE, que deverão validá-la em outubro. Segundo o projeto, o uso do glifosato deve ser acompanhado de “medidas que reduzam os riscos” nos arredores das áreas pulverizadas, com “atenção particular” aos efeitos indiretos no meio ambiente.

A autorização atual do glifosato na UE, renovada em 2017 por cinco anos, expirou em 15 de dezembro de 2022, mas foi prorrogada por um ano, à espera de uma avaliação científica.

A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, sigla em inglês) divulgou seu relatório em julho e destacou que não havia identificado "nenhuma área crítica de preocupação" envolvendo seres humanos, animais ou o meio ambiente. No entanto, o uso do herbicida deve ser acompanhado de “medidas de redução de riscos” relacionadas aos arredores das áreas onde o glifosato for aplicado.

A EFSA observou “um risco elevado a longo prazo envolvendo os mamíferos" para metade dos usos propostos do glifosato e reconheceu que a falta de dados impede qualquer análise definitiva.

A proposta da Comissão pede aos Estados do bloco que se atentem ao impacto sobre os pequenos mamíferos, considerando, se necessário, medidas de mitigação ou restrição.

- 'Proposta irresponsável' -

A proposta da Comissão foi alvo de críticas. Para o eurodeputado francês Pascal Canfin, do grupo centrista Renovar Europa, trata-se de um projeto inaceitável. Ele lamentou a ausência de “restrições sérias ao uso do glifosato. A proposta não está em conformidade com as conclusões da EFSA”.

O eurodeputado Benoit Biteau, do grupo dos Verdes, também criticou a proposta da Comissão: "Ao destruir a biodiversidade, o glifosato põe em perigo a nossa segurança alimentar a longo prazo. Essa proposta é irresponsável”.

A ONG Pesticide Action Network Europe, por sua vez, apontou que “os interesses industriais estão claramente acima da saúde e do meio ambiente".

Segundo um funcionário europeu, embora a Comissão tenha proposto a renovação da autorização do uso do glifosato, os países do bloco ficarão a cargo da autorização de produtos agrícolas que contenham o herbicida. “Em um caso extremo, os países, teoricamente, podem proibir os produtos que contenham glifosato”, explicou.

Luxemburgo havia proibido a comercialização do glifosato no fim de 2020, antes de tribunais obrigarem o país a levantar a restrição, neste ano.

Substância ativa de vários herbicidas, o glifosato foi classificado em 2015 pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial da Saúde, como “provavelmente cancerígeno” para seres humanos. Já a Agência Europeia dos Produtos Químicos determinou no ano passado que as evidências científicas disponíveis não permitiam classificar o glifosato como cancerígeno.

R.Lagomarsino--PV