Pallade Veneta - Cientistas sul-coreanos criam arroz com alta concentração de proteínas

Cientistas sul-coreanos criam arroz com alta concentração de proteínas


Cientistas sul-coreanos criam arroz com alta concentração de proteínas
Cientistas sul-coreanos criam arroz com alta concentração de proteínas / foto: Anthony WALLACE - AFP

Em um laboratório de Seul, uma equipe de cientistas sul-coreanos injeta células cultivadas de carne bovina em grãos de arroz, na esperança de revolucionar a alimentação mundial.

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O líder da equipe, Hong Jin-Kee, acredita que o chamado "arroz carnudo" pode ser um forma ética e ecologicamente correta de consumir proteínas, prevenir a fome e alimentar astronautas no espaço.

Nenhum animal sofreu neste experimento, diz Hong Jin-Kee, mostrando uma tigela cheia de arroz, cor-de-rosa e com leve aroma de manteiga, cultivado com músculos e gordura bovina.

Usando carne cultivada "podemos obter proteína animal sem matar o gado", disse Hong, da Universidade Yonsei de Seul.

Empresas de todo o mundo procuram alternativas à carne, como a vegetal ou cultivada, por questões éticas sobre a pecuária industrial e emissões de gases de efeito estufa.

Hong escolheu o arroz para sua pesquisa porque é a principal fonte de proteína da população asiática.

Mas o processo pode ser demorado: um grão normal de arroz é revestido com gelatina de peixe para ajudar na aderência e depois injetado individualmente com células de carne bovina antes de ser cultivado em uma placa de Petri por até 11 dias.

- Pegada de carbono -

O arroz "carnudo" de Hong contém 8% mais proteína e 7% mais gordura do que o arroz normal.

Hong e sua equipe pretendem produzir em grande escala e esperam a aprovação de seu uso em emergências alimentares em dois países africanos.

"Para quem está limitado a (...) apenas uma refeição por dia, um pequeno aumento (de proteína) é extremamente importante", disse o cientista.

A Coreia do Sul não aprovou nenhuma carne cultivada para consumo, mas em 2022 anunciou planos de investir milhões de dólares em "tecnologia alimentar", identificando-a como uma área prioritária de pesquisa.

A carne cultivada é vendida nos Estados Unidos e Singapura, mas foi proibida no ano passado na Itália para proteger sua indústria pecuária.

É difícil ter "certeza sobre a segurança do soro utilizado na cultura e dos antibióticos e hormônios utilizados no processo de cultura", afirmou Choi Yoon-jae, ex-professor emérito da Universidade Nacional de Seul, ao site Chuksan News.

Segundo a equipe de Hong, seu método do arroz híbrido reduz significativamente a pegada de carbono ao eliminar a necessidade de criação de animais.

- Por que comê-lo? -

A carne cultivada foi "apresentada como uma solução ambiental comparada à pecuária tradicional", disse Neil Stephens, professor de tecnologia e sociedade na Universidade de Birmingham.

Mas o setor enfrenta desafios como a necessidade de "produzir em escala com baixo custo e consumo de energia além de fornecedores que não agridam ao meio ambiente", disse à AFP.

A consultoria AT Kearney prevê que até 2040 apenas 40% do consumo mundial de carne será de fontes convencionais e toda a indústria sofrerá transformações.

"Produtos como leite, clara de ovo, gelatina e peixe serão criados com tecnologias semelhantes", afirmou em um relatório de 2019.

Hong está convencido de que a biotecnologia pode melhorar a forma como os humanos se alimentam.

Ele mencionou que um idoso com sarcopenia (perda muscular) poderá comer carne produzida em laboratório apenas com células musculares, e não com gordura, para tratar essa condição específica.

Ele indicou que o mundo está se aproximando de uma era com "mais informação biológica disponível e precisamos controlar meticulosamente nossa alimentação".

Citou como exemplo uma cozinha futurista com inteligência artificial que será capaz de avaliar a saúde de uma pessoa através de exames de sangue e instruir um robô a preparar o café da manhã mais saudável possível.

B.Cretella--PV