Pallade Veneta - Mexicanos fazem simulação de terremoto, costume com tons tragicômicos

Mexicanos fazem simulação de terremoto, costume com tons tragicômicos


Mexicanos fazem simulação de terremoto, costume com tons tragicômicos
Mexicanos fazem simulação de terremoto, costume com tons tragicômicos / foto: Pedro PARDO - AFP

Milhares de mexicanos deixaram casas e edifícios nesta quarta-feira (19) durante uma simulação de terremoto, sem esconder o medo de outra coincidência fatídica: em outras ocasiões, a terra tremeu logo após esses exercícios, deixando centenas de mortos.

Alterar tamanho do texto:

A evacuação ocorreu antes de um hipotético terremoto de magnitude 7,5, que na Cidade do México significa a ativação do "alerta sísmico", um alarme estrondoso que é disparado um minuto antes do tremor ser sentido.

"Inauguramos uma tradição cômica de nos prepararmos e algo acontecer", disse à AFP Édison Paz, um assistente de direção de 26 anos, enquanto esperava que o protocolo das autoridades da capital fosse concluído.

Paz viveu o terremoto de 19 de setembro de 2017, de magnitude 7,1, que deixou 360 mortos. O fenômeno teve início logo após uma simulação de terremoto.

Naquele dia, os mexicanos relembravam o terremoto de 19 de setembro de 1985, que deixou cerca de 10 mil mortos e devastou a Cidade do México.

O jovem também experimentou no ano passado um tremor de 7,7, ocorrido também em 19 de setembro, com saldo de duas mortes, minutos após o exercício anual que evoca a tragédia de 1985.

"Lembrem-se que uma simulação na Cidade do México significa 'ensaio para o terremoto que ocorrerá algumas horas depois'", escreveu sarcasticamente um usuário do Twitter nesta quarta.

De fato, na noite de terça-feira, foi registrado um tremor de magnitude 5,1, sem vítimas ou danos.

Na opinião de alguns residentes da capital, o temor suscitado por essas coincidências é o motivo da alteração da data do exercício, que de qualquer modo foi programado para um dia 19.

"Devemos abraçar o fato de que algo vai acontecer, mas não por isso deixar de fazer o protocolo", pondera Paz.

Para Roberto Ruiz, engenheiro de novas tecnologias de 52 anos, que já viveu "muitos" terremotos, são "apenas coincidências" que nada têm a ver com o comportamento da natureza.

"Esse medo não tenho. Ouvi na televisão que mudaram a data porque as coincidências que aconteceram em setembro estressam muito as pessoas (...). Somos um povo supersticioso", comenta.

Os exercícios de simulação visam preparar a população diante da possibilidade de um terremoto que pode trazer graves consequências para a Cidade do México e sua região metropolitana, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas.

No México, a maioria desses fenômenos tem origem no Pacífico, o que permitiu o desenvolvimento do sistema de alerta no centro do país.

O som do alarme viaja mais rápido que as ondas sísmicas e adverte sobre um movimento telúrico de alta magnitude.

U.Paccione--PV