Polícia dispersa último foco de protestos por resultados de presidenciais no Paraguai
Uma operação policial em Assunção terminou com cerca de vinte detidos e cinco agentes feridos na madrugada desta quarta-feira(17) em uma avenida ocupada há 16 dias por opositores que consideram que houve fraude nas eleições presidenciais do Paraguai, em 30 de abril, informou a polícia.
"Como mandam a Constituição Federal e nossas leis, fizemos uso da força, esclarecendo que foi moderada, não há informações sobre manifestantes feridos, mas sim, cinco agentes que tiveram lesões leves", detalhou o chefe da Polícia Preventiva, o delegado Carlos Benítez, em coletiva de imprensa.
Os manifestantes, cerca de cem, segundo testemunhas, tentaram resistir, mas cederam diante da pressão dos fardados que utilizaram balas de borracha e gás lacrimogêneo.
"Armas brancas e bombas de fabricação caseira foram apreendidas. Os manifestantes lançaram algumas bombas contra um posto de gasolina que fica no local, mas as chamas foram apagadas rapidamente. Também quebraram vitrais", detalhou o delegado Gilberto Fleitas.
A operação, iniciada às 2h locais (3h no horário de Brasília), liberou a avenida Eusebio Ayala, que passa em frente ao Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), em cujas imediações se instalaram apoiadores de Payo Cubas, líder antissistema que ficou em terceiro lugar na eleição e denunciou uma fraude do partido do governo.
Detido desde 2 de maio em uma delegacia de polícia "por perturbação da paz pública", Cubas pediu na terça-feira a seus apoiadores que desistam dos protestos para evitar a repressão. Este apelo poderia significar sua liberdade iminente, comentaram fontes judiciais à AFP.
O juiz de garantias Julián López decidiu nesta quarta-feira que ele continuará detido "até que incidentes levantados durante o presente processo penal sejam resolvidos". A defesa pediu a nulidade da acusação, entre outros argumento.
Cubas obteve 22,9% dos votos, atrás do opositor da Concertación Nacional, Efraín Alegre (27,4%), e denunciou uma "fraude" do partido governista que levou à vitória de seu candidato, Santiago Peña (42,7%), um economista de 44 anos do Partido Colorado.
O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) confirmou a transparência das eleições com a aprovação das missões de observação da União Europeia e Organização de Estados Americanos (OEA).
A proclamação do novo chefe de Estado será oficializada em 9 de junho e a posse está prevista para 15 de agosto, quando o presidente em fim de mandato, Mario Abdo Benítez, lhe entregará a faixa presidencial.
A posse de Peña ratificará a hegemonia do Partido Colorado, com mais de 70 anos quase ininterruptos no poder.
O.Mucciarone--PV