Marrocos luta para encontrar sobreviventes do terremoto
As equipes de emergência marroquinas, com o apoio de socorristas estrangeiros, prosseguiam nesta segunda-feira (11) com os esforços para encontrar sobreviventes e ajudar as pessoas que tiveram suas casas destruídas pelo terremoto que deixou quase 2.500 mortos.
O terremoto, o mais grave no reino em mais de seis décadas, destruiu várias localidades na sexta-feira (8) à noite na região que fica ao sudoeste da cidade turística de Marrakech (centro) e provocou 2.497 mortes, além de ter deixado 2.476 feridos, segundo o balanço atualizado divulgado nesta segunda-feira.
O governo do Marrocos anunciou no domingo à noite que aceitou as ofertas de envio de equipes de busca e resgate da Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos.
Equipes de emergência espanholas estavam presentes em duas localidades afetadas pelo tremor ao sul de Marrakech, Talat Nyaqoub e Amizmiz.
Vários países, incluindo França, Estados Unidos e Israel, também ofereceram ajuda ao reino do norte da África.
- "Esperança" -
"A grande dificuldade está nas áreas remotas e de difícil acesso, como aqui, mas os feridos são transportados de helicóptero", declarou a comandante da equipe espanhola de bombeiros, Annika Coll.
"É difícil dizer se as probabilidades de encontrar sobreviventes diminuíram porque, na Turquia (onde aconteceu um terremoto violento em fevereiro) por exemplo, conseguimos encontrar uma mulher viva após seis dias e meio. Sempre há esperança", acrescentou.
"Também é importante encontrar os corpos porque as famílias precisam saber e cumprir o luto", acrescentou.
Quase 70 km mais ao norte, outra equipe de 48 agentes da Unidade Militar de Emergências (UME) estabeleceu acampamento na entrada da pequena localidade de Amizmiz.
A equipe tem quatro cães farejadores e utiliza pequenas câmeras para entrar nas pequenas cavidades entre os escombros. Também utiliza aparelhos para detectar presença humana.
- Cenário apocalíptico -
Em Tikht, uma pequena localidade próxima de Adassil, um minarete e algumas casas foram as únicas construções que resistiram em um cenário apocalíptico.
"A vida acabou aqui", lamenta Mohssin Aksum, um morador de 33 anos. "A cidade está morta".
Nas imediações, as forças de segurança cavam túmulos para as vítimas ou montam tendas amarelas para os sobreviventes que perderam suas casas.
O terremoto de sexta-feira teve 7 graus de magnitude, segundo o Centro Marroquino para a Pesquisa Científica e Técnica, e 6,8 para o Centro Geológico dos Estados Unidos.
Diante da destruição, a solidariedade está presente em Marrakech, onde centenas de pessoas formaram filas nos hospitais para doar sangue.
"Estamos coletando alimentos para ajudar as áreas afetadas pelo tremor", declarou à AFP Ibrahim Nachit, membro da organização Draw Smile, que também prevê o envio de uma "caravana médica" aos locais mais necessitados.
"Acredito que os alimentos obtidos hoje devem ajudar a manter pelo menos 100 famílias durante uma semana", disse ao seu lado Abdeltif Razouki, vice-presidente da associação.
- "Fissuras importantes" -
A Cruz Vermelha Internacional fez um alerta sobre a importância da ajuda humanitária que, segundo a organização, pode ser necessária "durante meses ou inclusive anos".
"Mas as primeiras 24 ou 48 horas são críticas", destacou.
Além das perdas humanas e materiais, o terremoto também afetou o patrimônio arquitetônico do país. Na medina do bairro antigo de Marrakech, os danos são impressionantes.
As muralhas do século XII que circundam a cidade imperial, fundada no ano 1070 pela dinastia dos Almorávida, estão parcialmente desfiguradas.
"Já podemos afirmar que (os danos) são muito mais importantes do que esperávamos. Observamos fissuras importantes, o minarete de (a mesquita de) Kutubia, a estrutura mais emblemática, assim como a destruição quase completa do minarete da mesquita de Kharbouch, na praça Yamaa el Fna", disse Eric Falt, diretor regional da Unesco para a região do Magreb.
Este foi o terremoto com o maior número de vítimas no Marrocos desde o tremor de Agadir em 29 de fevereiro de 1960. Quase 15.000 pessoas morreram na tragédia, um terço da população desta cidade na costa oeste.
R.Zarlengo--PV