Seis corpos encontrados no norte do México são de jovens sequestrados
Os seis corpos encontrados na quarta-feira no estado mexicano de Zacatecas correspondem aos jovens que foram sequestrados no último domingo nessa região do centro-norte do país, informou o secretário do governo local, Rodrigo Reyes, nesta quinta (28).
"O Ministério Público foi ao local [...], realizou os laudos periciais, os trabalhos forenses e, ontem à noite, os familiares já conseguiram identificar os jovens", disse o funcionário à rede Milenio. Outro jovem do grupo de sete amigos, Sergio Yobani Acevedo, foi encontrado vivo e ferido na quarta-feira.
As vítimas, com idades entre 14 e 18 anos, haviam sido sequestradas na madrugada de domingo por um grupo armado em uma fazenda na localidade de Villanueva, onde haviam participado de uma festa.
Os corpos e o sobrevivente foram encontrados em uma área rural do mesmo município, durante as operações de resgate realizadas pelas forças estaduais e federais.
Mais cedo nesta quinta-feira, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, lamentou o ocorrido e disse que o jovem ferido "está testemunhando para apurar o motivo destes crimes".
Dois homens maiores de idade estão detidos desde a terça-feira e "há grande possibilidade de que estejam vinculados" com o crime, segundo Reyes, que reiterou que o estado de saúde de Acevedo é "estável", apesar de ele apresentar contusões na cabeça e no rosto.
O jovem está internado em um hospital da cidade de Zacatecas, a capital estadual.
A morte dos seis jovens aconteceu um mês e meio depois do sequestro e possível assassinato de outros cinco rapazes, amigos de infância, em Lagos de Moreno, no estado de Jalisco (oeste), um caso que chocou o país.
- Motivação ainda não está clara -
O Ministério Público mexicano ainda não informou quais seriam as motivações do caso de Zacatecas, onde atuam diversos cartéis do crime organizado, que disputam o controle de rotas do tráfico de drogas e praticam extorsões, entre outras atividades ilegais.
O MP descartou inicialmente que se tratasse de um recrutamento forçado por parte desses grupos, uma prática que costuma visar homens jovens em muitos estados do México onde operam os cartéis do narcotráfico.
"Estas pessoas estavam adormecidas [...] quando, aparentemente, por volta das quatro da manhã, começam a ver a presença de um grupo criminoso de pessoas que chegaram em veículos, os pegam e os levam", relatou na segunda-feira o promotor de Zacatecas, Francisco Murillo.
No começo de agosto, o sequestro e suposto homicídio de cinco jovens em Lagos de Moreno causou comoção no país, pois seu cativeiro e tortura foram difundidos em foto e vídeo pelas redes sociais. Nenhum deles foi localizado.
Outras sete pessoas, entre elas membros da comunidade LGBTQIA+, também desapareceram em 1º de setembro em um centro de reabilitação no estado de Guerrero (sul).
O episódio de Zacatecas se insere em uma onda de violência que assolou várias regiões do país esta semana. Na quarta-feira, grupos armados bloquearam várias estradas do estado de Nuevo León, na fronteira com os Estados Unidos, e incendiaram veículos. Um dia antes, pelo menos sete corpos esquartejados apareceram em diferentes pontos de Monterrey (norte), capital estadual e a cidade mais industrializada do México.
Além disso, no fim de semana passado, em Chiapas (sul), ocorreu um desfile inédito de integrantes fortemente armados do Cartel de Sinaloa, que disputa com o Cartel Jalisco Nova Geração o controle de localidades fronteiriças com a Guatemala.
O México soma mais de 420.000 mortos e cerca de 100.000 desaparecidos, a maioria atribuídos a organizações criminosas, desde o lançamento de uma polêmica ofensiva militar antidrogas, em dezembro de 2006.
E.Magrini--PV