Pallade Veneta - Indígenas da América Latina pedem que seus protestos deixem de ser criminalizados

Indígenas da América Latina pedem que seus protestos deixem de ser criminalizados


Indígenas da América Latina pedem que seus protestos deixem de ser criminalizados
Indígenas da América Latina pedem que seus protestos deixem de ser criminalizados / foto: Gabriela VAZ, Gustavo IZUS - AFP

Líderes indígenas da América Latina pediram, nesta quinta-feira (28), que seus protestos contra projetos de extração deixem de ser criminalizados e perseguidos judicialmente, durante uma reunião de acompanhamento do Acordo de Escazú, realizada no Panamá.

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Assinado em 2018 por 24 países, o acordo estabelece que os governos devem garantir que os defensores do meio ambiente "possam agir sem ameaças, restrições e insegurança", mas a América Latina é a região mais perigosa para quem atua na defesa do planeta.

"Os indígenas amazônicos estão sendo perseguidos" no Peru, disse à AFP a líder Elaine Shajian Shawit, da região amazônica de Loreto.

"As pessoas saem às ruas para protestar para que seus territórios, seus rios, sejam protegidos, mas estão sendo processadas criminalmente", acrescentou em um fórum regional sobre defensores dos direitos humanos em questões ambientais.

A líder maia guatemalteca Kelidy Sacbá Coc também reclamou que, em sua região natal, Alta Verapaz, os protestos contra usinas hidrelétricas são reprimidos.

"Há muito sofrimento com as hidrelétricas", disse à AFP.

Indígenas de diversos países expressaram queixas semelhantes neste fórum organizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas (Cepal) para dar seguimento ao Acordo de Escazú, que foi ratificado até o momento por 15 países.

"Trouxemos as vozes indígenas do Peru, os indígenas geralmente sofrem com atividades ilegais, como cultivo de coca, mineração ilegal, desmatamento ilegal", disse Cussi Alegría, da ONG Derecho, Ambiente y Recursos Naturales (DAR).

"Em algumas áreas, há maior atividade de empresas de mineração e em outras de petróleo, que causam esses impactos no meio ambiente, e em alguns casos o protesto foi criminalizado", acrescentou Alegría à AFP.

Carlos de Miguel, da Secretaria do Acordo de Escazú na Cepal, destacou que em 2022 quase 90% dos assassinatos de defensores do meio ambiente no mundo ocorreram na América Latina, citando um relatório da ONG Global Witness.

"Se vocês olharem o mapa da América Latina, basicamente é um mapa de conflitos socioambientais, e se vocês analisarem os últimos relatórios sobre defensores de direitos humanos em questões ambientais, 88% dos assassinatos no planeta ocorrem na América Latina e no Caribe", afirmou.

A Colômbia é o país mais perigoso, com 60 assassinatos dos 177 registrados no mundo em 2022, de acordo com a Global Witness.

De Miguel afirmou que não apenas indígenas foram assassinados por defender o meio ambiente, mas também guardas florestais, funcionários públicos e empresários.

Participaram do fórum Chile, México, El Salvador, Colômbia, Peru, Guatemala, entre outros, assim como várias nações caribenhas.

C.Conti--PV