Pallade Veneta - Papa Francisco abre sínodo para pensar sobre futuro da Igreja

Papa Francisco abre sínodo para pensar sobre futuro da Igreja


Papa Francisco abre sínodo para pensar sobre futuro da Igreja
Papa Francisco abre sínodo para pensar sobre futuro da Igreja / foto: Tiziana FABI - AFP

O papa Francisco abre nesta quarta-feira (4), no Vaticano, a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o ápice de uma ampla consulta mundial sobre o futuro da Igreja católica, por meio da qual pretende instaurar um funcionamento menos piramidal.

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Durante dois anos, os cerca de 1,3 bilhão de católicos do mundo foram convidados a expressar sua visão sobre a Igreja e sobre questões como o acolhimento de pessoas LGBTQIA+ e de pessoas divorciadas, a poligamia, o casamento de padres, o lugar das mulheres na instituição, ou a luta contra a pedofilia.

"É um grande espaço de reflexão da Igreja, sobre o seu modo de ser e de proceder", resume o secretário especial desta assembleia, o padre italiano Giacomo Costa, em conversa com a AFP.

Durante quatro semanas, os 464 participantes, 365 deles com direito a voto, se reunirão diariamente no Vaticano, divididos em grupos de reflexão em cinco idiomas. Entre eles, há 54 mulheres.

O resultado destes trabalhos será entregue ao papa, que poderá levá-lo em consideração para introduzir medidas no governo da Igreja mundial.

A principal novidade deste encontro desta instituição consultiva criada por Paulo VI em 1965 é que laicos e mulheres participarão dos trabalhos e poderão votar, algo inédito descrito como uma "revolução".

"Entre os bispos, existe uma cultura eclesiástica. Com os laicos, isto não funcionará: eles não se contentarão com boas palavras. Haverá exigências sobre o procedimento, sobre a vontade de mudar, sobre a eficácia", diz um veterano observador da Santa Sé.

"Eles colocaram as mãos na engrenagem, e o próximo sínodo não poderá dar marcha a ré", acrescenta. "Nesse sentido, Francisco move os limites, por isso, muitos têm medo", completa.

- "Tomada de consciência" -

Esta mudança provocou reservas, e até críticas, entre alguns conservadores que veem um risco de desvio, como argumenta o cardeal alemão Gerhard Müller.

A assembleia geral se insere em uma reflexão de longo prazo, com uma segunda sessão marcada para outubro de 2024, o que torna difícil ver impactos concretos nas próximas semanas.

"Mesmo que não haja uma resposta concreta, questões antes consideradas como bloqueadas de antemão são, atualmente, levadas à atenção da Igreja. Já é um enorme passo em questões delicadas", confidencia uma fonte do Vaticano, destacando esta "tomada de consciência".

"Antes, não podíamos pronunciar a palavra 'homossexual'. Agora temos sobre a mesa questões que dizem respeito à homossexualidade", acrescenta esta fonte.

"Há questões sobre as quais todos já concordamos, como o lugar das mulheres na Igreja, que deve ser repensado. Mas como? E, depois, há outras questões, sobre as quais não estamos de acordo no fundo. É preciso perguntar a teólogos, especialistas, sociólogos", explica Giacomo Costa.

É dada especial atenção à delicada questão do acesso das mulheres às funções de diácono, até agora reservadas aos homens, ou à ordenação de homens casados, tema sobre o qual o papa recuou em 2019.

Esses trabalhos permitirão calibrar o equilíbrio de forças ante tais desafios, especialmente na Igreja alemã, que revelou posições radicalmente diferentes das do Vaticano.

"Não estamos aqui para reinventar outra Igreja. Devemos prestar atenção: o diálogo não é fácil, precisamos de árbitros", disse à AFP o monsenhor Christophe Pierre, cardeal instituído no sábado pelo papa.

"Muitos chegam com suas ideias, com a sua agenda. De acordo, tudo bem (...) Mas isto não é um parlamento: não vamos votar uns contra os outros. Trata-se de estarmos juntos", acrescentou.

Em uma oração com representantes de outras confissões cristãs na Praça de São Pedro, o papa pediu que o sínodo seja "um lugar onde o Espírito Santo purifique a Igreja das murmurações, das ideologias e das polarizações" e estimulou seus participantes a "caminharem juntos".

U.Paccione--PV