Pallade Veneta - Milicianos incendeiam ônibus no Rio de Janeiro após operação policial

Milicianos incendeiam ônibus no Rio de Janeiro após operação policial


Milicianos incendeiam ônibus no Rio de Janeiro após operação policial
Milicianos incendeiam ônibus no Rio de Janeiro após operação policial / foto: BRUNO KAIUCA - AFP

Milicianos incendiaram, nesta segunda-feira (23), mais de 30 ônibus e a cabine de um trem no Rio de Janeiro, em protesto contra uma operação policial que matou um dos seus membros, um ato que forçou a suspensão do transporte público e parou o trânsito.

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Policiais prenderam 12 suspeitos de "ações terroristas" e a Prefeitura decretou estágio de atenção, o terceiro nível de alerta em uma escala que vai até cinco.

O governador Claudio Castro disse, durante coletiva de imprensa, que o incêndio dos ônibus foi uma resposta de grupos criminosos, depois que as forças policiais acertaram "um duro golpe em uma das maiores milícias da zona oeste" da cidade.

A operação terminou na morte de Faustão, sobrinho e "braço direito" de Zinho, suposto chefe da milícia na zona oeste do Rio. Segundo Castro, Faustão "era conhecido como 'senhor da guerra', responsável pela guerra da facção e pela união entre o tráfico e a milícia, criando as narcomilícias".

- 'Máfias nacionais' -

No meio da tarde, os criminosos começaram a atear fogo em coletivos, segundo as autoridades.

Foi o dia com mais ônibus queimados na história do Rio de Janeiro, informou à AFP a Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus da cidade, que contabilizou um total de 35 veículos incendiados.

A Supervia, operadora de trens urbanos do estado, confirmou à AFP que criminosos atearam fogo à cabine de um trem.

Segundo o governador, o incêndio de coletivos foi uma resposta da criminalidade à ação do poder público.

Castro alertou o crime organizado a não desafiar o Estado e prometeu continuar combatendo as milícias no Rio de Janeiro. Mas deu a entender que o problema é maior e extrapola as fronteiras do estado, ao afirmar que estas "organizações são verdadeiras máfias nacionais".

"O problema da segurança pública e muito maior que o Rio de Janeiro [...] É problema do Brasil inteiro", disse.

A Prefeitura decretou estágio de atenção devido a "ocorrências de alto impacto" na infraestrutura e na logística da cidade, que afetaram a população.

Segundo o prefeito Eduardo Paes, o serviço de transporte foi interrompido na densamente povoada zona oeste da cidade.

"Quando o sujeito, além de bandido, é burro. Milicianos da zona oeste queimam ônibus públicos pagos com dinheiro público para protestar contra a operação policial", publicou o prefeito no X, o antigo Twitter.

Filas de carros passavam ao longo das carcaças chamuscadas dos ônibus, à medida que os moradores retornavam para casa.

A Avenida Brasil, importante ligação entre a periferia e o centro da cidade, chegou a fechar, com um ônibus atravessado na pista, segundo imagens exibidas na mídia.

Integradas em grande parte por ex-membros das forças policiais, as milícias surgiram como uma alternativa à luta contra o tráfico de drogas.

Mas foram se expandindo até dominar vastos territórios da cidade à base de extorsões, venda ilegal de serviços como segurança, gás, transporte e internet.

Atualmente, milícias armadas e traficantes disputam territórios para o tráfico de drogas na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

L.Bufalini--PV