Polícia faz intensas buscas por atirador que matou 18 pessoas no Maine
Centenas de policiais do estado do Maine, nordeste dos Estados Unidos, continuavam as buscas, nesta quinta-feira (26), por um reservista do Exército que abriu fogo em um boliche e em um bar-restaurante matando 18 pessoas.
O presidente Joe Biden lamentou "mais um ataque a tiros trágico e sem sentido" em Lewiston, onde outras 13 pessoas ficaram feridas, três delas em estado crítico, em um dos piores massacres dos últimos anos no país.
Uma extensa área da cidade permanece bloqueada enquanto prosseguem as buscas pelo suspeito e as autoridades ergueram bloqueios em meio a uma ordem de fechamento de escolas e comércios, ao mesmo tempo em que recomendaram às pessoas que permaneçam em suas casas.
A governadora do estado do Maine, Janet Mills, disse que o suspeito está "armado e [é] perigoso, e a polícia adverte à população do Maine que não se aproxime dele sob nenhuma hipótese".
"Esse ataque atinge o coração do que somos e dos valores que apreciamos", acrescentou Mills em entrevista coletiva. "É um dia obscuro para o Maine".
A polícia identificou o atirador como Robert Card, de 40 anos, e divulgou sua fotografia com barba, vestindo um casaco marrom, calças azuis e sapatos marrons, armado com um fuzil semiautomático na pista de boliche.
O administrador do restaurante Schemengees Bar & Grille, Joseph Walker, foi uma das vítimas fatais, segundo o depoimento dado por seu pai, Leroy Walker, à NBC.
Ele disse que sua família está "sofrendo e morrendo em um pesadelo que não entendemos". "Estamos acordados a noite toda. Não sabíamos para onde ir, a quem nos dirigir", acrescentou.
- Caçada humana -
Centenas de policiais em uniforme camuflado ao estilo militar, assim como agentes do FBI (polícia federal), cercam a área de busca com "uma abordagem de todos contra um", segundo o chefe da polícia da Lewiston, David St. Pierre.
"Continuamos trabalhando sem descanso para pôr fim a esta situação", disse St. Pierre a jornalistas, ressaltando o objetivo de "localizar e fazer com que essa pessoa preste contas".
Segundo o encarregado pela segurança pública do Maine, Mike Sauschuck, durante as buscas, uma caminhonete branca abandonada foi encontrada a dez quilômetros de Lewiston.
Biden entrou em contato com a governadora do Maine para oferecer apoio federal e determinou que a bandeira americana seja hasteada a meio mastro em todos os edifícios públicos em sinal de luto.
"Nossa nação está de luto novamente", lamentou o presidente em um comunicado, pedindo ao Congresso para "proibir as armas de assalto".
- Ataques a tiros recorrentes -
Autoridades e socorristas disseram ter chegado ao boliche Sparetime Recreation às 19h15 locais da quarta-feira e depois receberam relatos de outro tiroteio na área, no restaurante Schemengees Bar & Grille.
Alguns meios de comunicação também mencionaram um ataque a tiros em um centro logístico de um supermercado da rede Wallmart, mas as autoridades não confirmaram a informação.
"Eu me joguei em cima da minha filha, e minha mãe em cima de mim", contou Riley Dumont, explicando que seu pai, um policial reformado, virou uma mesa para proteger os filhos dos tiros.
Em 2023, o país já registrou pelo menos 565 ataques a tiros, de acordo com a organização não governamental Violence Gun Archive (VGA).
Sem considerar os suicídios, mais de 15.000 pessoas morreram vítimas da violência com armas de fogo desde o início de 2023 no país. O ataque de quarta-feira foi o mais violento registrado desde janeiro, segundo a mesma ONG.
- "Uma loucura" -
"Nunca vivemos algo assim", declarou à televisão local Cynthia Hunter, que mora em Lewiston desde 2012.
"Estou horrorizado com os eventos em Lewiston esta noite", afirmou o congressista Jared Golden, do Maine, em um comunicado.
Stephen King, escritor que ambientou vários de seus romances no Maine, denunciou, nesta quinta-feira, a ausência de regulamentações sobre as armas de fogo.
"É uma loucura em nome da liberdade", escreveu no X, onde também revelou que mora "a menos de 80km" de Lewiston.
Os esforços para adotar leis mais severas de controle de armas esbarram há anos na oposição dos republicanos, defensores ferrenhos do direito constitucional ao porte de armas.
O impasse político prossegue, apesar da indignação generalizada provocada pelos ataques a tiros recorrentes.
A.Rispoli--PV