Milhares de indígenas exigem renúncia de procuradora-geral na Guatemala
Indígenas maias marcharam, nesta terça-feira (21), por várias ruas da capital da Guatemala para exigir a renúncia da procuradora-geral Consuelo Porras, a quem acusam de uma ofensiva judicial para impedir a posse do presidente eleito Bernardo Arévalo em janeiro.
"A resistência em defesa da democracia continua de forma indefinida", afirmou aos jornalistas um dos principais líderes do movimento iniciado em 2 de outubro em defesa dos resultados eleitorais, Luis Pacheco.
"Fora corruptos" e "Estamos defendendo seu voto e a democracia, nem um passo atrás", diziam os cartazes dos manifestantes, que também agitavam bandeiras da Guatemala.
A marcha pelo centro histórico da capital foi liderada por dezenas de idosas vestidas com trajes multicoloridos, as chamadas "avós dos povos", que portavam seus bastões de comando, um símbolo de autoridade em suas comunidades autóctones.
Pacheco detalhou que o movimento pede a renúncia de Consuelo Porras e também dos procuradores Rafael Curruchiche e Cinthia Monterroso, além do juiz Fredy Orellana, a quem os manifestantes acusam de atuar sob instruções da procuradora-geral.
Pacheco advertiu que, se eles não renunciarem, o protesto será mantido "até 14 de janeiro", data da posse de Arévalo, um sociólogo social-democrata de 65 anos que ganhou surpreendentemente as eleições disputadas em dois turnos, em junho e agosto deste ano.
Os quatro funcionários citados foram incluídos em uma lista dos Estados Unidos como "atores corruptos" e antidemocráticos.
A manifestação acontece dias depois que o Ministério Público apresentou um pedido para retirar a imunidade de Arévalo e da vice-presidente eleita, Karin Herrera, acusando-os de instigar um movimento estudantil que manteve ocupada, entre 2022 e 2023, a única universidade pública do país.
Alunos e docentes ocuparam durante mais de um ano a Universidade de San Carlos de Guatemala (USAC) em rechaço à eleição supostamente fraudulenta do reitor Walter Mazariegos, a quem vinculam ao presidente Alejando Giammattei.
A vitória confortável de Arévalo sobre a ex-primeira-dama Sandra Torres, considerada a candidata da situação, é atribuída à expectativa de mudança que ele gerou com sua promessa de lutar contra a corrupção, um mal endêmico no país.
Analistas afirmam que isso despertou temores entre poderosos setores políticos e empresariais que têm a procuradora-geral como ponta de lança.
A.Fallone--PV