Irlanda votou para modernizar sua Constituição em relação à mulher e à família
Os irlandeses votaram nesta sexta-feira (8) em um referendo que busca modernizar temas relacionados às mulheres e à família em sua Constituição, redigida em 1937 em um país sob a dogmática da Igreja Católica.
Os colégios eleitorais abriram às 7h locais (4h em Brasília) e as quase 3,5 milhões de pessoas com direito à voto tiveram até às 22h locais para ir às urnas. Os resultados não serão divulgados antes da noite de sábado.
Segundo as primeiras estimativas, a participação foi inferior a 50% na maioria dos 39 circunscrições. O número é menor que o do último referendo, de 2018, que acabou com a proibição do aborto.
A primeira pergunta da consulta era sobre a definição de família e propunha ampliá-la para além da base do casamento, incluindo as "relações duradouras", como casais que não se casaram e seus filhos.
A segunda questão tinha como proposta excluir uma referência antiga sobre o papel da mulher no lar, que sugere que ela se ocupe das pessoas com quem vive. A nova fórmula inclui todos os membros da família na responsabilidade e tarefa de cuidar uns dos outros.
As duas emendas se referem ao artigo 41 da Constituição.
Todos os grandes partidos políticos são favoráveis às emendas e até agora as pesquisas anunciavam uma vitória fácil do "sim", neste referendo que coincide com o Dia Internacional da Mulher.
Porém, as últimas pesquisas têm mostrado uma mudança de tendência, devido à imprecisão das perguntas submetidas ao voto.
Esta semana, o primeiro-ministro Leo Varadkar, líder da coalizão governamental de centro direita que propôs o referendo, admitiu que a vitória do "sim" não estava garantida para as duas perguntas.
"Estas mudança são avanços e em seu conjunto somos favoráveis ao 'sim'", declarou nesta quinta-feira Mary Lou McDonald, dirigente do partido de esquerda Sinn Fein. Mas há grupos que criticam as formulações das perguntas.
"Ninguém sabe exatamente o que é uma relação duradoura, quando todos sabemos o que é um matrimônio", disse David Quinn, fundador do Instituto Iona, que defende os interesses da comunidade católica.
"Muita gente votará 'não' devido à confusão" suscitada e ao "desaparecimento das palavras 'mulher' e 'mãe' no texto", indicou.
Para os grupos de extrema direita estas mudanças podem incentivar relações poligâmicas e reagrupamentos familiares de imigrantes.
D.Vanacore--PV