Jornalista mexicano capturado é libertado e denuncia intimidação
O jornalista mexicano Jaime Barrera, que estava desaparecido desde segunda-feira e era considerado vítima de um sequestro, foi encontrado são e salvo, nesta quarta-feira (13), e afirmou que se tratava de uma tentativa de intimidá-lo por seu trabalho.
"O Ministério Público do Estado informa que o comunicador Jaime Barrera foi encontrado em bom estado de saúde", afirmou o órgão do estado de Jalisco (oeste) em sua conta na rede social X, onde acrescentou que continua com as investigações para elucidar o caso e "capturar os possíveis responsáveis".
Barrera, um renomado apresentador de rádio e televisão de 56 anos, natural do estado de Jalisco, foi sequestrado por criminosos na tarde de segunda-feira, ao sair do prédio da emissora onde trabalha na cidade de Guadalajara, confirmou o próprio jornalista em declarações após sua libertação.
"Foi uma longa odisseia, terrível, mas felizmente terminou bem", disse ele, adicionando que o caso não foi um sequestro, uma vez que não houve pedido de "resgate".
"Foi uma espécie de alerta, pelo que escrevo, pelo que digo, suponho que venha daí", acrescentou o comunicador ao veículo local Grupo Fórmula.
Barrera detalhou que, após sequestrá-lo, seus captores o deitaram no banco traseiro de um carro e o levaram para um local que ele não pôde identificar, onde ficou trancado.
"Estive em cativeiro, com os olhos vendados, as mãos amarradas, ajoelhado em um lugar onde não dava para enxergar (...) e depois deitado e com um pouco de água", relatou.
Posteriormente, foi levado para outro lugar e finalmente libertado na madrugada de quarta-feira, na entrada do município de Magdalena, ao norte de Guadalajara.
"Ficam as advertências, né? 'Hoje você vai embora, mas sabemos onde você mora, onde está sua família'. É algo complexo", lembrou Barrera sobre os comentários dos criminosos antes de deixá-lo ir.
Uma vez livre, ele buscou ajuda de sua família e das autoridades locais, que foram buscá-lo.
- Intimidação -
Sem indicar a possível identidade de seus captores, Barrera contou que foi questionado insistentemente sobre quem o manda escrever ou falar sobre os temas que aborda e garantiu que o ocorrido foi um ato de intimidação.
"Volta a perturbar a todos nós no contexto em que estamos, nesta disputa eleitoral, e àqueles que têm que relatar o que está acontecendo, a interferência que o crime organizado pode ter, e isso incomoda", afirmou Barrera.
De acordo com a denúncia dos familiares, o jornalista não havia recebido ameaças ou reportado qualquer problema relacionado ao seu trabalho.
Itzul Barrera, filha de Jaime e dirigente local do Morena, partido do presidente Andrés Manuel López Obrador, tampouco denunciou intimidação por sua atividade política, informou o MP.
Jaime Barrera é apresentador de um programa de notícias de um canal local da Televisa e comentarista de um programa de opinião política do Canal 44 da Universidade de Guadalajara. Também é colunista do jornal El Informador.
Desde 2000, pelo menos 150 jornalistas foram mortos no México e 31 estão desaparecidos, de acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras, que considera o país o segundo mais perigoso para o exercício da profissão.
U.Paccione--PV