Justiça argentina pede ao Uruguai repatriação de avião usado no Plano Condor
A Justiça argentina solicitou a repatriação de um avião que está no Uruguai e foi usado para transportar detidos durante o Plano Condor, uma coordenação entre as ditaduras sul-americanas nas décadas de 1970 e 1980, indicaram nesta terça-feira (19) fontes judiciais.
O pedido foi feito em janeiro pelo juiz Sebastián Casanello, que investiga casos relacionados ao Plano Condor, após perícias ordenadas em 2023 indicarem que se trata do bimotor Hawker Siddeley da Marinha argentina, que foi utilizado para levar cinco pessoas sequestradas no Paraguai em 1977.
A chancelaria argentina, que recebeu o pedido, informou ao tribunal que já encaminhou a solicitação às autoridades uruguaias para que se iniciem os procedimentos necessários, disseram as fontes judiciais à AFP.
A aeronave, que está no aeroporto internacional de Melilla, nos arredores de Montevidéu, teria sido usada no sequestro dos argentinos José Luis Nell, Alejandro Logoluso e Marta Landi, e dos uruguaios Nelson Santana e Gustavo Inzaurralde. Segundo documentos do Arquivo do Terror do Paraguai, divulgados em 1992, eles foram levados a Buenos Aires em 16 de maio de 1977 em um avião da Marinha argentina.
O avião foi encontrado em 2022 pelo ilustrador uruguaio Sebastián Santana, em Melilla, enquanto buscava material para uma produção audiovisual sobre os cinco militantes de esquerda detidos em 1977 em Assunção pelas forças de segurança paraguaias e ainda desaparecidos.
De acordo com relatos do ilustrador, a aeronave, que voou pela primeira vez em 1970, foi vendida pela Marinha em 1987 e desde então esteve nas mãos de civis, inicialmente empresas argentinas "para operações antigranizo" e depois da uruguaia AirWolf "para serviços de táxi aéreo".
Após ouvir Santana, Casanello solicitou ao Uruguai que preservasse o avião e foram ordenadas as devidas perícias, que confirmaram se tratar do Hawker Siddeley HS-125 modelo 400B registrado sob a matrícula 0653.
B.Cretella--PV