Equador inicia construção de prisão de segurança máxima para 800 presos
O Equador iniciou, nesta sexta-feira (21), no sudoeste do país, a construção de uma prisão de segurança máxima para 800 presos, no marco de sua guerra contra o crime organizado.
"Hoje marcamos um dos ritos mais importantes em nossa luta contra o terrorismo e as máfias que se entrincheiraram com impunidade em nosso país durante décadas", disse o presidente Daniel Noboa em um ato de inauguração da obra na localidade costeira de Santa Elena.
Moradores protestaram contra a construção do presídio, cujos arredores do imóvel onde será erguido têm mata nativas e restos arqueológicos, segundo o Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos (CDH), que também denunciou em sua conta na rede social X sobre moradores desalojados pelos policiais.
A prisão é um "perigo iminente para todas as comunidades que são territórios de paz e que querem transformar em zonas de guerra", comentou à AFP Donald Cabrera, um morador de 61 anos, dizendo que se trata de um território de povos originários.
Após tomar posse, em novembro, para um mandato tampão de 18 meses, o presidente equatoriano anunciou que construirá duas prisões de segurança máxima, uma na região da Amazônia e outra na costa do Pacífico, tomando como referência a penitenciária construída pelo seu contraparte salvadorenho, Nayib Bukele, para combater as facções criminosas.
No porto de Guayaquil (sudoeste), principal porta de saída para as drogas em direção aos Estados Unidos e Europa, existe uma penitenciária de segurança máxima denominada La Roca, com capacidade para 160 presos.
A nova prisão, que se somará às 36 existentes em todo o país, ocupará 16,2 hectares e será construída em um "tempo recorde" de 300 dias, disse o general Luis Zaldumbide, diretor do órgão estatal que administra as prisões (SNAI).
- Padrão internacional -
O governo destinará 52 milhões de dólares (282 milhões de reais) à construção da prisão, desenhada para "reclassificar e isolar os criminosos altamente perigosos, os chefes das máfias que serão monitorados em tempo real", disse Noboa, autodefinido de centro-esquerda.
O presídio terá seis torres de vigilância com 9,5 metros de altura cada e uma muralha de nove metros. Também serão instalados bloqueadores de sinais telefônicos e de internet e um circuito fechado de televisão.
O acesso se dará por meio de leitura de impressões digitais e haverá detectores de metais e máquinas de raio X, segundo o governo.
A prisão será "construída segundo padrões internacionais", como os utilizados no Centro Federal de Readaptação Social nº 13 de Oaxaca, no México, ou na prisão conhecida como ADX Florence, nos Estados Unidos, informou o Ministério das Comunicações.
As prisões equatorianas têm sido palco de confrontos sangrentos nos últimos anos. Desde 2021, mais de 460 presos morreram devido ao conflito entre gangues de traficantes que disputavam o poder.
Noboa, eleito em eleições antecipadas e que em janeiro declarou o país em "conflito armado interno" devido à violência criminosa, mobilizou os militares para neutralizar cerca de vinte grupos considerados terroristas e beligerantes.
Esse decreto, entre outras coisas, permite às Forças Armadas intervirem dentro das penitenciárias, usualmente a cargo de um corpo de segurança civil do SNAI.
O atual sistema penitenciário equatoriano tem capacidade para 30.200 pessoas e registra uma superlotação com 31.300 presos, de acordo com um censo de 2022.
R.Zarlengo--PV