Pallade Veneta - Avança resgate de corpos do avião que caiu em Vinhedo; caixas-pretas são analisadas

Avança resgate de corpos do avião que caiu em Vinhedo; caixas-pretas são analisadas


Avança resgate de corpos do avião que caiu em Vinhedo; caixas-pretas são analisadas
Avança resgate de corpos do avião que caiu em Vinhedo; caixas-pretas são analisadas / foto: Nelson ALMEIDA - AFP

As autoridades retiraram, neste sábado (10), os corpos de pelo menos 50 das 62 vítimas do acidente aéreo em Vinhedo, no interior de São Paulo, enquanto analisavam as caixas-pretas da aeronave para determinar as causas que levaram ao acidente.

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O avião caiu na sexta-feira (9) sobre uma área residencial da cidade de Vinhedo, cerca de 80 km a noroeste da cidade de São Paulo.

"Até o momento, 50 corpos foram retirados do local do acidente, sendo dois já identificados por meio de exame datiloscópico [impressões digitais]", informou o governo de São Paulo em um boletim atualizado.

Trinta e sete corpos já foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) central de São Paulo e os investigadores estavam coletando material genético dos familiares para ajudar a identificar os restos mortais.

Cerca de 50 profissionais continuam trabalhando em meio ao amontoado ferro em que a fuselagem da aeronave se transformou, após cair no jardim de uma casa de um condomínio residencial, segundo as autoridades.

Mais cedo, o prefeito de Vinhedo, Dario Pacheco, havia informado que os dois corpos identificados são do piloto e do copiloto.

"A expectativa é que até o final do dia todos os corpos sejam retirados", afirmou o diretor do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, Carlos Palhares, no local do acidente.

Os moradores do bairro descreveram cenas de terror quando viram o avião despencar em queda livre a poucos metros de distância.

Apesar de ter atingido o quintal de uma casa, nenhum morador ficou ferido.

"A sensação foi de terror, foi de pânico, impotência [...] Foi algo realmente muito, muito triste", disse à AFP Roberta Henrique, de 38 anos, presidente da associação de moradores do Residencial Recanto Florido, condomínio onde o avião caiu.

- Queda vertiginosa -

A Voepass, companhia aérea que operava o voo, confirmou neste sábado que no avião viajavam 62 passageiros e tripulantes.

Todos embarcaram com documentos brasileiros, informou a empresa, embora não tenha descartado que algum dos passageiros tivesse dupla nacionalidade.

O ministério das Relações Exteriores de Portugal informou neste sábado na rede X que entre as vítimas do acidente estava uma cidadã portuguesa.

A aeronave da fabricante franco-italiana ATR viajava de Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Imagens divulgadas na sexta-feira mostraram um avião de grande porte caindo em alta velocidade.

De acordo com o site de rastreamento de voos Flight Radar 24, o avião voou por quase uma hora a 17.000 pés (5.180 metros), até que, às 13h21, começou a perder altitude e em apenas um minuto teve uma queda acentuada para 4.100 pés (1.250 metros).

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a aeronave perdeu contato com o radar às 13h22, e que a tripulação, em nenhum momento, "declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas".

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) abriu uma investigação. Seus peritos analisam em Brasília as informações das caixas-pretas que contêm gravações da cabine e dados do voo, segundo o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do órgão.

São "importantes informações que entendemos que poderão nos contar o que aconteceu nesse trágico evento", afirmou Moreno.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou três dias de luto no país.

- Formação de gelo? -

 

O diretor de operações da Voepass, Marcel Moura, disse que na noite anterior ao acidente o avião havia passado por "manutenção de rotina" e não apresentava "nenhum tipo de problema técnico".

Especialistas mencionaram a hipótese de que uma formação de gelo nas asas do avião possa ter provocado o acidente.

Moura admitiu que este modelo da fabricante ATR "voa numa faixa onde tem uma sensibilidade maior ao gelo" e que as condições meteorológicas de sexta-feira previam a presença desse elemento. Mas "dentro das características aceitáveis para o voo", afirmou.

A VoePass foi fundada em 1995 sob o nome Passaredo. Com uma frota de 15 aviões, atualmente conecta 37 destinos no Brasil e é a quarta companhia aérea do mercado nacional, segundo a empresa.

A fabricante ATR disse em comunicado que seus especialistas "estão totalmente empenhados em apoiar a investigação em andamento".

Esta é a primeira grande tragédia aérea no Brasil em 17 anos.

Em 2007, um Airbus A320 da companhia aérea brasileira TAM não conseguiu pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e caiu com 187 pessoas a bordo. O acidente deixou 199 mortos, incluindo 12 pessoas que trabalhavam na pista.

F.Amato--PV