Buscas por vítimas de naufrágio de veleiro com executivos são retomadas na Sicília
Mergulhadores especializados iniciaram, nesta terça-feira (20), uma nova busca por seis pessoas, incluindo o magnata britânico Mike Lynch e o presidente da Morgan Stanley International, desaparecidas no naufrágio de um veleiro de luxo perto da ilha italiana da Sicília.
Três mergulhadores, treinados para operar em espaços estreitos, desceram com tanques de oxigênio até os destroços, cerca de 50 metros abaixo da superfície do mar, para retomar a busca pelos desaparecidos.
Devido à profundidade, cada mergulho é limitado a 12 minutos por vez, incluindo dois minutos para descida e subida, disse o porta-voz dos bombeiros, Luca Cari.
O veleiro de 56 metros chamado 'Bayesian' e com bandeira britânica afundou na segunda-feira em Porticello, uma cidade costeira a 15 km de Palermo, informou a Guarda Costeira italiana em um comunicado.
A embarcação teria sido atingida por um tornado. Em poucos segundos, o veleiro virou, se encheu de água e afundou.
"Não vimos isso acontecer", disse sucintamente à imprensa o capitão do barco, James Catfield, após ser resgatado.
A bordo do veleiro de luxo estavam 12 passageiros e 10 tripulantes, a maioria britânicos, segundo a imprensa italiana.
No total, 15 pessoas foram resgatadas e sete foram inicialmente dadas como desaparecidas, incluindo um tripulante e seis passageiros de nacionalidade britânica, americana e canadense.
O corpo de um dos desaparecidos foi encontrado nos destroços do veleiro e foi recuperado.
Marco Tilotta, da unidade de mergulhadores dos bombeiros de Palermo, disse à AFP que alguns mergulhadores que chegaram à Sicília trabalharam no naufrágio do cruzeiro Costa Concordia, que deixou 32 mortos quando afundou na costa da Toscana.
- Celebrando absolvição em julgamento -
Os passageiros estavam no veleiro como convidados de Lynch, cuja esposa, Angela Bacares, está entre os resgatados do naufrágio.
O magnata britânico do setor de tecnologia convidou-os para celebrar a sua absolvição em um julgamento nos Estados Unidos por fraude em larga escala, informou a imprensa italiana.
Sua filha Hannah é uma das pessoas desaparecidas.
O presidente do Conselho de Administração da Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e a sua esposa também estão desaparecidos, informou a seguradora britânica Hiscox. Bloomer, de 70 anos, também é presidente da seguradora.
Por sua vez, Lynch, 59 anos, é um destacado empresário e investidor no setor da tecnologia e considerado o Bill Gates britânico.
No início de junho, ele foi absolvido de acusações de fraude de US$ 11 bilhões (R$ 59,6 bilhões) relacionadas à venda de sua empresa de software Autonomy para a Hewlett-Packard.
Seu advogado, Christopher Morvillo, também estava na embarcação com sua esposa, segundo relatos da mídia.
"Durou apenas alguns minutos, o barco começou primeiro a balançar e depois se ergueu verticalmente", lembrou Charlotte Golunski, de 35 anos e sócia de uma das empresas de Lynch, resgatada com outros cinco passageiros.
"Tudo caiu sobre nós, de repente me vi no mar. Perdi minha filha por dois segundos, mas consegui pegá-la novamente em meio a ondas furiosas. A segurei muito forte contra mim. Todo mundo gritava e, enquanto isso, o barco desaparecia nas ondas negras", acrescentou.
- Sinalizadores de emergência -
Os primeiros a socorrer os náufragos foram os tripulantes de um navio que estava ancorado perto do "Bayesian".
“O vento estava forte, muito forte. Vi o mastro principal do veleiro partir e cair na água. Tudo aconteceu muito rapidamente”, explicou seu comandante, o alemão Karsten Börner, que foi ao local após avistar um sinalizador de emergência.
“Resgatamos os náufragos, incluindo uma menina pequena, e depois chegaram as unidades da Guarda Costeira”, relatou Börner.
Um pescador também foi ao local com alguns amigos para tentar ajudar, sem sucesso. “Não encontramos ninguém no mar, apenas almofadas e restos do barco. Chamamos imediatamente o porto”, contou à AFP Fabio Cefalù.
O veleiro "Bayesian" foi construído na região italiana da Toscana em 2008 e restaurado em 2020, segundo o portal TGCom 24.
As autoridades abriram uma investigação, que está a cargo da autoridade judicial de Termini Imerese.
F.Amato--PV