MP do México exige que EUA esclareça paradeiro de um dos filhos do traficante 'El Chapo'
O Ministério Público do México pediu, nesta quinta-feira (29), aos Estados Unidos que esclareçam o status legal e o paradeiro do traficante Ovidio Guzmán, cuja libertação nesse país vincula com a captura do lendário "chefão" Ismael "El Mayo" Zambada.
Em comunicado, o MP lembrou que Ovidio Guzmán, filho do traficante preso Joaquín "El Chapo" Guzmán, foi libertado em 23 de julho, dois dias antes da detenção de seu irmão Joaquín Guzmán López junto com Zambada no Novo México, nos Estados Unidos.
O MP acusa Guzmán López de ter supostamente sequestrado Zambada, chefe do Cartel de Sinaloa e por quem os Estados Unidos ofereciam 15 milhões de dólares (R$ 84,5 milhões, no câmbio atual) em recompensa, para levá-lo depois em um avião particular ao Novo México, onde ambos foram detidos.
"É indispensável obter com urgência a informação correspondente", assinalou a instituição mexicana, referindo-se a lacunas nos relatórios fornecidos por autoridades americanas, como a "localização" de Ovidio Guzmán após sua liberação.
O embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, garantiu no dia 26 de julho que Ovidio seguia "sob custódia nos Estados Unidos", sem detalhar seu paradeiro.
Analistas como o ex-agente da DEA Mike Vigil acreditam que Guzmán López entregou Zambada porque estava negociando benefícios para ele e seu irmão Ovidio, extraditado em 2023.
De fato, os governos de México e Estados Unidos mencionam conversas de Guzmán López com autoridades americanas antes de sua rendição, mas garantem que não planejaram a operação para capturá-lo.
A decisão de se render e entregar Zambada também teria sido uma "vingança" porque um irmão e um filho de "El Mayo" depuseram contra "El Chapo" durante o julgamento que o condenou à prisão perpétua, sustenta Vigil.
Além disso, o MP mexicano pediu "urgência" a Washington para entregar informação sobre o avião em que viajaram Zambada, Guzmán López e o piloto, ou pilotos.
A aproximação e aterrissagem dessa aeronave "foram autorizadas pelas agências competentes" dos Estados Unidos, diz o texto, ao destacar que não recebeu uma resposta desse país para cinco pedidos de informação sobre o assunto.
O sequestro foi denunciado pelo próprio Zambada em uma carta na qual garante que o fato ocorreu quando compareceu a uma suposta reunião para mediar em um conflito entre o congressista eleito Héctor Cuén e o governador de Sinaloa, Rubén Rocha, que nega essa versão. Cuén foi assassinado nesse mesmo episódio, segundo "El Mayo".
R.Zarlengo--PV