Irmão e amigos de Pogba são sentenciados à prisão por extorsão ao jogador
O caso de grande repercussão sobre a extorsão ao jogador de futebol Paul Pogba pode ter chegado a uma conclusão: Mathias, seu irmão mais velho, e cinco de seus amigos de infância foram condenados, nesta quinta-feira (19), a penas de prisão de até oito anos pelo tribunal correcional de Paris.
Mathias Pogba não reagiu ao anúncio de sua sentença: três anos de prisão, dois deles com direito a sursis, por tentativa de extorsão e participação em associação criminosa.
O irmão mais velho de Paul Pogba não ficará atrás das grades: ele poderá cumprir sua pena de 12 meses de prisão em casa com uma tornozeleira eletrônica. O tribunal também o condenou a pagar 20.000 euros (R$ 128.358).
“Mathias está em 'choque'”, disse seu advogado ao sair do tribunal. “Não se levou em conta sua vulnerabilidade, não se levou em conta o fato de que ele foi manipulado, que foi forçado a fazer coisas independentemente de sua vontade”, lamentou Tabula Mbeko.
Os outros cinco réus, amigos de infância ou conhecidos de Paul Pogba, foram considerados culpados de extorsão, retenção ilegal e detenção, bem como participação em uma conspiração criminosa, e foram condenados a penas de prisão de até oito anos e multas entre 20.000 e 40.000 euros (R$ 128.358 e R$ 256.716).
A única acusação que não foi confirmada, conforme solicitado pela promotoria, foi a de sequestro.
Roushdane K., considerado o mentor da operação e o único a ter comparecido preso, foi condenado a oito anos de prisão, conforme solicitado pela promotoria.
Adama C. foi condenado a cinco anos de prisão em regime fechado. Amigo íntimo de infância do jogador de futebol, ele deixou a sala de audiência algemado e escoltado pela polícia.
Mamadou M. recebeu pela de cinco anos de prisão, com 12 meses de sursis.
Finalmente, Machikour K. e Boubacar C. foram condenados a quatro anos de prisão, com dois anos de sursis para um dos réus e até três anos de sursis para o outro.
O tribunal também concedeu indenização financeira de 197.000 euros (R$ 1,26 milhão) e danos morais de 50.000 euros (R$ 320.895) a Paul Pogba.
A maioria dos advogados de defesa, revoltados com as sentenças que consideram muito altas, expressaram a intenção de recorrer.
- Feitiço contra Mbappé -
O “caso Pogba” começou na madrugada de 19 para 20 de março de 2022, quando o jogador de futebol caiu em uma armadilha em um apartamento em Montévrain, na região de Paris. Dois homens usando balaclavas supostamente apontaram armas para ele e exigiram 13 milhões de euros (cerca de R$ 72 milhões, em cotação da época) ao meio-campista, que então jogava no Manchester United e depois foi para a Juventus.
O caso veio à tona depois que vídeos surgiram na Internet em agosto de 2022, nos quais Mathias Pogba acusava Paul de ter enfeitiçado Kylian Mbappé, seu colega na seleção, por meio de um “marabu”, um tipo de feiticeiro.
Durante o julgamento, todos os réus negaram seu envolvimento e disseram ter sido vítimas de agressões durante os meses que se seguiram à retenção ilegal.
Um deles, Roushdane K., disse ter sido baleado à queima-roupa na mão para “pressionar Paul”, que não pagava o montante pedido.
Os argumentos não convenceram a promotoria.
“Como um irmão, amigos, podem se unir para extrair uma soma extraordinária de dinheiro de uma das pessoas mais valiosas de suas vidas?”, perguntou uma promotora.
Durante os argumentos da acusação, os promotores mencionaram a generosidade de Paul Pobga, “o amigo bem-sucedido” e que financiou a compra do restaurante de dois dos réus, que fez transferências de vários milhares de euros e que deu 100.000 euros (R$ 641 mil) a cada um a seus amigos íntimos e irmãos em seus aniversários.
“Vocês criaram em torno dele uma situação de dependência financeira” que "corroeu sua amizade", denunciou a promotoria.
- “Se Paul falou...” -
Outro argumento central da defesa dos réus foi o fato de a investigação e o julgamento terem se baseado, segundo ela, apenas nas declarações de Paul Pogba, que não compareceu às audiências.
“Amigos de infância foram entregues sob o pretexto de que se Paul falou algo, é verdade”, lamentou Karim Morand-Lahouazi, advogado de Adama C.
Os advogados de defesa descreveram em várias ocasiões a infância de crianças que cresceram juntas nos subúrbios parisienses, até a partida do jogador de futebol, projetado para uma carreira internacional.
Amigos que reconheceram prontamente que haviam se beneficiado da generosidade de Paul.
“Isso os torna criminosos?”, perguntou Said Harir, advogado de Boubacar C., ”Não, é uma simples manipulação das coisas. Isso se chama ter contatos.
R.Zarlengo--PV