Pallade Veneta - Após gala, MET expõe legado do 'camaleão' Lagerfeld

Após gala, MET expõe legado do 'camaleão' Lagerfeld


Após gala, MET expõe legado do 'camaleão' Lagerfeld
Após gala, MET expõe legado do 'camaleão' Lagerfeld / foto: TIMOTHY A. CLARY - AFP

Após as extravagâncias do seu evento de gala, no começo da semana, o Metropolitan Museum of Art (MET) de Nova York dá prosseguimento à sua homenagem a Karl Lagerfeld com uma grande exposição sobre o estilista "camaleônico", que deixou sua marca na moda e na cultura.

Alterar tamanho do texto:

Um astro conhecido tanto por seu estilo quanto por sua personalidade forte e seus desfiles espetaculares no Grand Palais de Paris, o "Kaiser" percorreu mais de 60 anos de moda.

Até à sua morte, em 2019, ele passou por casas como Chanel (1983-2019), Fendi (1964-2019) e Chloé (1963-1983), como um "camaleão que passava de uma marca para outra", comentou Andrew Bolton, curador-chefe do departamento de moda do MET (The Costume Institute) e da exposição.

Lagerfeld foi “um criador total, que fazia tudo, dos acessórios, cosméticos às roupas" e conseguiu casar "arte e comércio, criando um modelo para a indústria da moda”, descreveu Bolton.

- O criador antes do homem -

Esta primeira grande retrospectiva desde a sua morte, intitulada "Karl Lagerfeld: a Line of Beauty" (5 de maio a 16 de julho), explora a dualidade do artista, mestre da reinvenção, que adaptou o famoso terno de tweed da Chanel a uma minissaia, para rejuvenescer a marca.

"Você pode se inspirar em uma ideia do passado, mas, se ela for retomada como era, ninguém irá querê-la", dizia Lagerfeld, conhecido por seus aforismos.

Os cerca de 150 figurinos, acompanhados de seus croquis desenhados à mão, estão expostos em salas onde dialogam temáticas aparentemente opostas: feminino/masculino, romântico/militar, rococó/clássico e histórico/futurista.

Um casaco Fendi cheio de peles que caem de forma totalmente desestruturada, um vestido de noiva imponente decorado com camélias, lantejoulas e penas de avestruz e um macacão Chanel sobre uma jaqueta com grandes botões são algumas peças da mostra. Bordados meticulosos feitos à mão combinam-se com cintos de fivelas largas e calças jeans, numa referência ao streetwear. Os conjuntos preto e branco que ele tanto gostava se misturam a vestidos de cores explosivas e florais.

A exposição, que conta com o apoio da Chanel, Fendi e da sacerdotisa da moda Anna Wintour, faz poucas referências à personalidade forte de Lagerfeld e sua vida privada. Algumas vozes se mostraram incomodadas com o fato de o MET ter homenageado o estilista, que criticou as mulheres curvilíneas e o movimento #MeToo.

“A exposição se concentra no Karl criador. Portanto, mais em suas obras do que em suas declarações”, justificou Bolton. No fim da visita, "descobrirão o Karl homem, o mito que criou. Não incluímos seus comentários mais polêmicos e insultantes”.

"Não me importo com o que as pessoas dizem. O importante é que digam algo", escreveu Lagerfeld em 1954, em carta à sua mãe, Elisabeth, quando iniciava uma carreira brilhante na casa de moda Balmain.

No fim da vida, o homem que se escondia atrás de óculos escuros não escapou de suas próprias críticas: "Sou uma caricatura de mim mesmo."

A exploração da trajetória e personalidade deste estilista icônico está longe de terminar. A BBC acaba de dedicar a Lagerfeld o documentário "The Mysterious M. Lagerfeld", e a Disney+ prepara uma série sobre o "Kaiser Karl", protagonizada pelo ator Daniel Brühl.

H.Lagomarsino--PV