Pallade Veneta - Com desfile sobre força da mulher negra, Viradouro é campeã do Carnaval do Rio

Com desfile sobre força da mulher negra, Viradouro é campeã do Carnaval do Rio


Com desfile sobre força da mulher negra, Viradouro é campeã do Carnaval do Rio
Com desfile sobre força da mulher negra, Viradouro é campeã do Carnaval do Rio / foto: Pablo PORCIUNCULA - AFP

Com um enredo de exaltação à força da mulher negra, a escola de samba Unidos do Viradouro foi consagrada, nesta quarta-feira (14), campeã do Carnaval do Rio de Janeiro, após dois dias de desfiles imponentes no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

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Este é terceiro título desta agremiação nascida em 1946 na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio. Os anteriores foram conquistados em 1997 e 2020. No ano passado, a escola niteroiense ficou em segundo lugar.

Os resultados foram anunciados pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) após a apuração que durou quase duas horas, transmitida ao vivo pela televisão e acompanhada com muita atenção em todo o país.

O anúncio provocou uma explosão de gritos e aplausos entre os representantes da Unidos do Viradouro e seus admiradores presentes na apuração.

Com o forte e contagiante samba-enredo "Arroboboi, Dangbé", a Viradouro retratou a história de sacerdotisas e seu culto à serpente sagrada do Benin, na África Ocidental, de onde foram levadas para o Brasil.

A campeã causou impacto desde o primeiro minuto, ao fazer surgir uma serpente mecânica com cores fortes de um de seus carros alegóricos, que deslizou entre os passistas.

O enredo aproveitou a história das sacerdotisas e as lutas das guerreiras do reino de Daomé, no Benin, para homenagear as mulheres negras do Brasil, onde perdura um forte racismo estrutural apesar de quase 56% da população se declarar negra ou parda.

As 12 escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro desfilaram nas noites de domingo e segunda para 70.000 espectadores presentes e outros milhões em todo o mundo que acompanharam o evento.

Em seus desfiles, retrataram histórias sobre a destruição da Amazônia, o racismo e o sincretismo religioso. Também houve homenagens a símbolos da luta contra a escravidão, lendas da música brasileira como Martinho da Vila e Alcione, e até ao caju, uma das frutas-símbolo do país.

Cada escola teve entre 60 e 70 minutos para seduzir os jurados com seus desfiles, alegorias e fantasias, e tentar a todo custo não cometer erros que provocam perda de pontos. Aspectos criativos, musicais e técnicos são avaliados meticulosamente.

O segundo lugar ficou com a Imperatriz Leopoldinense, campeã do ano passado, que retratou em sua apresentação o universo da sorte e da fortuna através da história de um testamento deixado por uma cigana.

L.Bufalini--PV