Coppola e seu épico 'Megalopolis' finalmente estreiam em Cannes
"Megalopolis", o aguardado filme da lenda do cinema Francis Ford Coppola, uma obra monumental que demorou anos, estreou nesta quinta-feira (16) em Cannes, onde disputa a Palma de Ouro.
Uma obra-prima ou uma história caótica? A imprensa parecia dividida antes da cerimônia de gala, que reuniu no tapete vermelho uma constelação de Holywood liderada pelo protagonista Adam Driver.
Diretor de obras-primas como "Apocalypse Now", com o qual conquistou sua segunda Palma de Ouro há 45 anos, Coppola é um cineasta que não faz as coisas pela metade. Para "Megalopolis", o diretor precisou hipotecar parte de suas propriedades.
O orçamento do filme girou em torno de 120 milhões de dólares (R$ 615 milhões na cotação atual). Coppola declarou em entrevistas que há 40 anos pensa nesta obra, que já reescreveu diversas vezes.
"Eu queria fazer um filme sobre como o ser humano expressa o divino", afirmou há cinco anos. "Eu diria que é o filme mais ambicioso no qual trabalhei, mais do que 'Apocalypse Now'", disse o diretor de 85 anos.
Há um mês, Coppola perdeu a esposa, Eleanor, seu apoio incondicional há mais de seis décadas, e dedicou a ela este projeto, que pode ser seu último.
- Ovacionado -
Com chapéu de palha e bengala na mão, o lendário diretor subiu as escadas em Cannes para a estreia do filme.
A música de “O Poderoso Chefão” tocava enquanto a lenda de Hollywood posava para fotógrafos, de braços dados com sua neta, Romy Mars, filha da também cineasta Sofia Coppola. Dentro da sala, ouviram-se aplausos estrondosos antes de as luzes se apagarem.
Apresentado como um filme de ficção científica de 2 horas e 18 minutos, projetado em tela IMAX, “Megalopolis” gira em torno de um ambicioso arquiteto (Adam Driver) enfrentando o prefeito de uma grande cidade (Giancarlo Esposito).
Os dois atores, além de Jon Voight, Shia Labeouf, Laurence Fishburne, Aubrey Plaza, Talia Shire (irmã de Coppola), outros nomes importantes do elenco, também subiram as escadas.
"Acho admirável que este homem de 85 anos se comporte como um cineasta independente, como um artista que quer vir mostrar o seu trabalho. Cannes é importante para ele e ele é importante para Cannes", destacou recentemente Thierry Frémaux, diretor-geral do Festival.
Figura emblemática da nova Hollywood, Francis Ford Coppola tem em sua filmografia alguns dos maiores sucessos de crítica do século XX.
"A Conversação" (1974) e "Apocalypse Now" (1979) lhe valeram duas Palmas de Ouro e “Megalopolis” volta a concorrer ao prêmio nesta edição.
- Um momento de nostalgia -
Cannes viveu um momento de nostalgia que se repetirá várias vezes nesta 77ª edição, já que, além de Coppola, há vários mestres de sua geração, dentro e fora da competição oficial.
Paul Schrader, diretor de "Gigolô Americano", de 77 anos, concorre com "Oh, Canada", também estrelado por Richard Gere.
George Lucas, que acaba de completar 80 anos, receberá a Palma de Ouro honorária, assim como Meryl Streep, de 74 anos, homenageada no dia de abertura do festival.
George Miller, criador de "Mad Max", apresentou na quarta-feira, fora da competição, "Furiosa", mais um capítulo da saga.
Coppola ganhou sua primeira Palma de Ouro em 1974 com "A Conversação".
Seu legado não é apenas visual. Ele faz parte de uma geração que mudou a forma de financiar o cinema em relação à época dos grandes estúdios.
O diretor da trilogia "O Poderoso Chefão" filmou seu longa anterior, "Twixt", em 2011.
R.Lagomarsino--PV