Angelina Jolie coloca sua voz e Pablo Larraín sua paixão pela ópera em 'Maria'
A atriz americana Angelina Jolie se atreve a dar sua voz à imortal Maria Callas no filme "Maria", que o chileno Pablo Larrain apresenta no Festival de Veneza nesta quinta-feira (29).
Trata-se de um projeto que Pablo Larraín, um entusiasta da ópera e fã de retratar mulheres de caráter, guardava há anos.
As atrizes principais que puderam filmar sob as ordens de Larraín são gratas: Natalie Portman interpretou Jackie Kennedy e foi indicada ao Oscar em 2017, e o mesmo aconteceu com Kristen Stewart em “Spencer”, a biografia de Lady Di lançada em 2021.
Maria “a Diva” Callas, soprano grega nascida em Nova York em 2 de dezembro de 1923 e que morreu aos 53 anos em 16 de setembro de 1977 em um hotel de Paris, foi provavelmente a maior estrela feminina da ópera do século XX.
Callas também foi uma estrela que soube tirar proveito do cinema e da televisão para impulsionar sua carreira meteórica, que teve um fim dramático em 1973.
Larraín se concentra nos últimos anos da “Diva”, quando Callas estava em reclusão em Paris.
Mas sem omitir fragmentos de canto para os quais Jolie treinou por seis meses, uma façanha e um risco.
Os fãs puristas poderão respirar aliviados, pois o resultado final tem um truque: tanto a voz original de Callas quanto a de Jolie foram mixadas digitalmente, revelou a produção do filme.
- Uma estrela absoluta -
Jolie está de volta a Veneza depois de vários anos de discrição artística, envolvida em projetos humanitários e incapaz de apagar as brasas de seu incendiário divórcio com o ator Brad Pitt, que continua a ganhar as manchetes.
Pitt deve chegar ao Lido no final desta semana para a estreia de um filme com seu amigo George Clooney.
Ao lado de Jolie em “Maria” estão três atores italianos de destaque: Valeria Golino como sua irmã, Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher como os dois funcionários que ficaram ao seu lado até seu trágico fim.
Callas foi uma estrela absoluta em seu auge, tanto por sua excepcional carreira nos palcos mais prestigiados, do La Scala de Milão à Ópera de Paris, quanto por seu tempestuoso caso de nove anos com o bilionário Onassis, acompanhado de perto pela imprensa sensacionalista.
Nascida Maria Kalogeropoulou, ela se tornou Callas a um custo enorme, seguindo uma dieta draconiana em 1954 para perder 30 kg e se transformar em uma diva absoluta com um porte altivo e elegância impecável.
Além do grego, sua língua materna, ela era fluente em inglês, francês e italiano.
De caráter vulcânico, Callas teve grandes triunfos e algumas saídas intempestivas do palco.
Sua apresentação de “Tosca” no Covent Garden de Londres, filmada por Franco Zeffirelli em 1964, é um clássico da ópera filmada.
Alguns anos depois, Callas abandonou as grandes produções de ópera e se dedicou a dar recitais até sua aposentadoria em 1973.
Zeffirelli fez uma biografia cinematográfica de sua amiga em 2002, estrelada por Fanny Ardant.
B.Cretella--PV