Republicanos e governo Biden têm embate sobre teto da dívida dos EUA
O líder da oposição republicana na Câmara dos Representantes (baixa), Kevin McCarthy, reafirmou, nesta segunda-feira (17), que seu partido não aprovará um aumento do limite da dívida dos Estados Unidos "sem condições", e foi acusado pelo governo de fazer a economia americana de "refém".
À medida que as semanas passam e os Estados Unidos se aproximam do prazo de julho, após o qual podem mergulhar em um 'default' sem precedentes, democratas e republicanos continuam em desacordo sobre o aumento do teto da dívida que o país precisa para honrar seus compromissos.
Em um discurso na sede da Bolsa de Valores de Nova York, McCarthy acusou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de gastos "imprudentes" e pediu-lhe que aceite uma "negociação razoável" do orçamento.
Os republicanos, com maioria na Câmara, ameaçaram repetidamente bloquear o aumento do limite de emissão de dívida do país, se os democratas não aceitarem cortes orçamentários drásticos.
- Aumento sim, mas com condições -
McCarthy acrescentou em seu discurso que a Câmara dos Deputados aprovará uma lei nas próximas semanas para elevar o teto da dívida, mas que incluirá cortes de gastos.
Há pouco mais de um mês, Biden alertou que a disputa pelo teto da dívida representa "a maior ameaça" para a economia.
A Casa Branca pediu aos republicanos que não vinculem o orçamento ao processo de aumento do teto da dívida, que regularmente provoca embates entre os dois partidos no Congresso.
Ao fazer dos cortes de gastos uma condição para elevar o limite de crédito, McCarthy "faz refém" a economia, e "rompe" com a tradição segundo a qual esse aumento é feito por consenso entre democratas e republicanos, disse o Executivo nesta segunda-feira.
Já em fevereiro, durante seu discurso sobre o Estado da União, o presidente Biden havia se expressado nos mesmos termos.
McCarthy, um aliado próximo do ex-presidente Donald Trump, afirma que as políticas de Biden dispararam os gastos públicos, algo que ele argumenta ter levado a uma alta da inflação.
"Resolver (a questão) da dívida exige que trabalhemos juntos, encontremos um terreno comum (de entendimento) e reduzamos os gastos" públicos federais, enfatizou McCarthy.
"Deixem-me ser claro: um 'default' em nossa dívida não é uma opção. Mas também não é um futuro de impostos mais altos, taxas de juros mais altas, mais dependência da China e uma economia que não funciona para os trabalhadores americanos", acrescentou.
Antes do discurso de McCarthy, o governo apelou aos comentários dos ex-presidentes republicanos Ronald Reagan e Trump, apontando a importância da confiança na capacidade de pagamento dos Estados Unidos para o posicionamento internacional do país.
Biden promulgou leis no valor de cerca de um trilhão de dólares para infraestrutura e suporte para a indústria de semicondutores e o desenvolvimento de energias limpas.
Em janeiro, os Estados Unidos atingiram seu limite de empréstimos de US$ 31,4 trilhões (R$ 159,9 trilhões, nos valores da época), levando o Tesouro a tomar medidas.
Assim, os Estados Unidos correm o risco de não cumprirem suas obrigações da dívida a partir de julho, se o Legislativo não resolver aumentar o limite da dívida federal, disse o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) em meados de fevereiro.
C.Grillo--PV