Austrália recebe primeiro-ministro da Índia com olhar voltado para o comércio
A Austrália afirmou nesta terça-feira (23) que deseja levar sua relação com a Índia a um "novo nível", ao receber o primeiro-ministro Narendra Modi em uma visita centrada no comércio, com pouco espaço para o tratamento reservado às minorias pelo governo indiano.
O governo australiano foi seduzido pelo crescente comércio com a Índia e a possibilidade de ter um aliado para enfrentar a crescente influência militar, diplomática e econômica da China no Pacífico.
Modi discursou para 18.000 simpatizantes na Qudos Bank Arena, de Sydney, evento que teve a presença do primeiro-ministro australiano Anthony Albanese, em uma demonstração de apoio ao líder nacionalista hindu.
Austrália e Índia têm um grande "alinhamento estratégico", disse o vice-primeiro-ministro australiano, Richard Marles.
Esta é a primeira visita de Modi à Austrália desde 2014.
Ao ser questionado se a Austrália abordaria o tratamento que os muçulmanos e outras minorias recebem na Índia, Marles se recusou a revelar detalhes sobre uma reunião entre Modi e Albanese programada para quarta-feira em Sydney.
"Somos duas democracias e isto determina a forma como vemos o mundo", destacou Marles, ao recordar as crescentes relações comerciais e de defesa.
"A Índia é uma economia de grande crescimento. Há grandes oportunidades para nós", acrescentou.
Na visita à Austrália, Modi se aproximará da segunda maior diáspora de seu país, com 673.000 cidadãos de origem indiana radicados no país de 26 milhões de habitantes.
Grande parte da comunidade indiana, no entanto, é contrária ao tratamento de Modi às minorias, afirmou Bilal Rauf, porta-voz do Conselho Nacional Australiano de Imãs.
"Estamos muito preocupados com a visita e a maneira como foi recebido sem que nenhum dos temas levantados em seu próprio país tenha sido abordado", disse Rauf à AFP.
Ele destacou a preocupação com o tratamento a grupos minoritários, como os muçulmanos e os moradores da Caxemira.
Grupos de defesa dos direitos humanos destacam que os 200 milhões de muçulmanos na Índia enfrentam uma crescente discriminação e violência desde a chegada de Modi, e de seu partido nacionalista BJP, ao poder em 2014.
Os dois países querem ampliar o comércio bilateral, que alcançou 31 bilhões de dólares (cerca de 161,7 bilhões de reais na cotação da época) no ano passado e deve aumentar após a entrada em vigor, em dezembro, de um acordo de livre comércio.
A.Rispoli--PV