Pallade Veneta - Larraín apresenta um Pinochet 'vampiro' no Festival de Veneza

Larraín apresenta um Pinochet 'vampiro' no Festival de Veneza


Larraín apresenta um Pinochet 'vampiro' no Festival de Veneza
Larraín apresenta um Pinochet 'vampiro' no Festival de Veneza / foto: GABRIEL BOUYS - AFP

A corrida pelo Leão de Ouro do Festival de Veneza atinge uma velocidade superior, nesta quinta-feira (31), com o filme "El Conde" do chileno Pablo Larráin, que apresenta o ditador Augusto Pinochet como um vampiro, e a cinebiografia sobre Enzo Ferrari protagonizada por Adam Driver.

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Com "El Conde", produzido pela Netflix, o diretor chileno Pablo Larráin, famoso pelos longas biográficos de Jackie Kennedy ("Jackie") e da princesa Diana ("Spencer"), oferece uma visão improvável, porém ainda mais cruel do passado recente do seu país, com o ditador Augusto Pinochet como um vampiro.

Já Driver trará um pouco do glamour das estrelas a este festival, cujo tapete vermelho ficou sem muitos atores e atrizes este ano por causa da histórica greve de atores e roteiristas de Hollywood.

Aos 39 anos, Driver é um dos atores mais requisitados de Hollywood, combinando papéis em franquias de sucesso como Star Wars com trabalhos com diretores de renome como Ridley Scott, Noah Baumbach e Spike Lee.

Em "Ferrari", Driver dá vida a Enzo Ferrari, o fundador da marca de carros de corrida de mesmo nome, apelidado de "il Commendatore" ("o Comendador").

- "Nenhum grande estúdio nos deu um cheque" -

O poderoso sindicato SAG-AFTRA, que proíbe os seus membros de realizar filmes ou participar de sua promoção, abriu uma exceção para o longa "Ferrari" do diretor Michael Mann - conhecido por seus filmes como "Fogo contra Fogo" e "Colateral " - porque foram feitos fora dos estúdios de Hollywood.

Em declarações à imprensa antes da estreia, Driver manifestou sua solidariedade aos sindicatos.

"Por que uma distribuidora pequena como a Neon e a STX International [que financiou "Ferrari"] podem cumprir com o que pedem [os sindicatos] e uma grande companhia como Netflix e Amazon não?", questionou.

"Individual e coletivamente, somos totalmente solidários", disse Michael Mann. "Ferrari" pôde ser feito porque as pessoas que trabalharam nele, renunciaram a uma parte importante de seus salários, no que diz respeito a Adam e a mim mesmo [...] Nenhum grande estúdio nos deu um cheque".

A greve de atores nos Estados Unidos começou em julho e a ela se somou a que os roteiristas já faziam desde maio.

Ambos os movimentos fazem reivindicações laborais ante a chegada da inteligência artificial no mundo do cinema, e pedem também melhorias salariais.

- "Dogman" de Besson -

Nesta quinta-feira, também será feita a projeção do longa "Dogman" do diretor francês Luc Besson ("O Quinto Elemento").

A história de um menino vítima de abusos, que encontra refúgio em uma matilha de cães, é protagonizada por Caleb Landry Jones, que ganhou um prêmio de melhor ator em Cannes há dois anos por "Nitram", sobre um grande ataque a tiros na Austrália.

Besson, de 64 anos, espera um grande retorno após o retumbante fracasso em 2017 de "Valerian e a cidade dos mil planetas" que quase levou sua produtora, a EuropaCorp, à falência.

Perdas que levaram consigo a fortuna que fez com "Busca Implacável" e que tiraram as esperanças de Besson de competir com os gigantes de Hollywood.

O francês acaba de ser absolvido de uma denúncia por estupro.

"Hoje, algo do que estou particularmente orgulhoso é de minha liberdade", declarou Luc Besson, referindo-se ao seu trabalho como diretor. "Ninguém pode me impedir de escrever (o filme) que quero", acrescentou.

Além de "El Conde", a Netflix apresentará várias produções na mostra, incluindo um curta-metragem de Wes Anderson baseado em uma obra de Roald Dahl, "A Incrível História de Henry Sugar e Outros Contos", que será projetado na sexta-feira; e "The Killer", de David Fincher, apresentado no domingo.

O Festival de Veneza, que neste ano celebra sua 80ª edição, é o festival de cinema mais antigo do mundo e, nos últimos anos, converteu-se em um trampolim para os aspirantes ao Oscar.

Entre os 23 filmes selecionados para a competição deste ano, apenas cinco mulheres concorrem ao Leão de Ouro, que será entregue em 9 de setembro e que há três anos é vencido por diretoras.

A.Graziadei--PV