Montadoras chinesas chegam com força ao Salão de Munique
As montadoras chinesas e seus modelos elétricos estarão presentes com força no Salão do Automóvel de Munique (IAA), que busca explorar ainda mais todas as formas de "mobilidade", apesar das críticas de ambientalistas.
O tradicional evento do setor automotivo alemão, que será aberto na terça-feira pelo chanceler Olaf Scholz, acontecerá em um contexto econômico sombrio.
A guerra na Ucrânia, a desaceleração do crescimento chinês e a elevada inflação na zona do euro impactam o setor-chave da indústria europeia, e principalmente alemã.
Apesar do aumento das vendas de automóveis na União Europeia (UE) nos últimos doze meses, os números continuam mais de 20% abaixo do nível de 2019, antes da pandemia de covid-19.
As montadoras históricas enfrentam uma concorrência chinesa cada vez mais forte, que ameaça sua posição dominante no futuro mercado de carros elétricos.
"Os fabricantes chineses lançam seu ataque à Europa nesta edição do IAA", resume Ferdinand Dudenhöffer, especialista do 'Center Automotive Research' na Alemannha.
"A concorrência está mais acirrada", destaca.
Entre os expositores, 41% têm sede na China. Várias montadoras chinesas, entre eles BYD e Leapmotor, podem desviar a atenção da Volkswagen, BMW e Mercedes.
O grupo Stellantis estará representado apenas por sua marca alemã Opel, enquanto no grupo Renault apenas a marca homônima fez a viagem para apresentar seu novo Scenic.
Já a Tesla, que não costuma estar presente nas grandes feiras automotivas, participará em Munique de seu primeiro salão europeu. O grupo de Elon Musk "se alinha pouco a pouco ao setor automotivo, e a empresa que nunca fez marketing começa a fazê-lo", explica à AFP Matthias Schmidt, analista independente do setor na Alemanha.
As montadoras alemãs, orgulho nacional durante muito tempo, mas hoje enfraquecidas, estarão presentes e tentarão se destacar da concorrência asiática com seus modelos elétricos.
Diante da perda de poder aquisitivo dos consumidores devido à inflação, aumenta o interesse pelos modelos elétricos de baixo custo. A Mercedes apresentará um conceito neste segmento.
A BMW revelará mais detalhes sobre sua nova gama de veículos criados a partir da futura arquitetura elétrica "Neue Klasse", anunciada há dois anos para produção em 2025.
- Protestos de ambientalistas -
As questões ambientais são outra prioridade do encontro, mas também de seus críticos, em um contexto no qual os grupos, especialmente de grande escala, se beneficiaram da alta dos preços para inflacionar suas margens de lucro.
Vários grupos ecologistas anunciaram "ações de desobediência civil" para "perturbar" a IAA. São esperadas cerca de 1.500 pessoas em um "acampamento para a revolução da mobilidade", em um parque nos arredores de Munique.
As montadoras, "com seu crescimento imposto, destroem a vida de muitas pessoas no mundo", acusam ambientalistas. A edição anterior já foi marcada por várias manifestações.
No total, são esperados quase 700.000 visitantes, contra 410.000 em 2021.
Rebatizada como IAA Mobility em 2021, quando foi transferida de Frankfurt para Munique, os organizadores destacam a "mobilidade, a longevidade e a tecnologia" da feira, mais que os carros em si.
Com esta nova estratégia, pretendem compensar a perda de influência dos grandes salões automotivos, nos quais as empresas já não obtém mais lucros, especialmente em termos de publicidade.
Em 2022, o Salão Internacional de Paris, reduzido para apenas uma semana contra duas nas edições anteriores, atraiu apenas 400.000 visitantes, ante um milhão em 2018. Muitos grupos, como Volkswagen, BMW e Ferrari não participaram, ao contrário das empresas chinesas, como BYD.
A.Fallone--PV