Denúncia no Congresso dos EUA revive críticas a litígio sobre default na Argentina
As críticas de uma congressista americana contra um magistrado da Suprema Corte dos EUA ressuscitaram, nesta sexta-feira (15), velhos rancores na Argentina pela decisão desfavorável nesta instância sobre o litígio por títulos em default da dívida externa do país.
Nesta semana, a democrata Alexandria Ocasio-Cortez fez eco a relatos de uma suposta viagem de luxo do juiz conservador Samuel Alito, paga pelo financista especulativo Paul Singer, que, destacou, se viu favorecido na mais alta corte dos Estados Unidos.
Alito "usou seu assento na Suprema Corte, depois de tudo isso, para decidir a favor de Singer", apontou Ocasio-Cortez em referência à decisão de nove anos atrás contra a Argentina, reafirmando a ordem de pagamento aos chamados "fundos abutres" especulativos, que compraram essa dívida.
A situação financeira argentina está no centro da campanha com vista às eleições presidenciais cujo primeiro turno está previsto para 22 de outubro.
A vice-presidente Cristina Kirchner, chefe de Estado quando a decisão foi tomada em 2014, publicou o vídeo da intervenção da congressista americana de esquerda em sua conta na rede social X, antigo Twitter.
"Há três coisas que não se podem esconder por muito tempo: o sol, a lua e a verdade", escreveu. "Não deixe que eles mintam mais para você. É assim que, no Judiciário dos EUA, se conseguem decisões a favor dos Fundos Abutres e contra a Argentina, teu país".
Minutos depois, em Cuba, onde participa da Cúpula do G77+China, o presidente Alberto Fernández compartilhou a publicação e qualificou a denúncia de "gravíssima e escandalosa".
Singer, o chefe do fundo de investimento NML Capital, foi o credor que recebeu a maior quantia nessa negociação, com um pouco mais de 2,426 bilhões de dólares (quase R$ 5,7 bilhões na cotação de 2014).
O pagamento total de 10,5 bilhões de dólares (quase R$ 37 bilhões na cotação da época) foi feito em 2016, durante o governo do sucessor de Kirchner, o conservador Mauricio Macri, quando a Argentina saiu de sua condição de default.
Há uma semana, uma decisão de outro tribunal dos Estados Unidos ordenou que o Estado argentino pagasse 16 bilhões de dólares (quase R$ 78 bilhões) como compensação pela nacionalização da empresa petrolífera YPF em 2012, também durante o governo de Kirchner (2007-2014).
Com a inflação mais alta em 30 anos, o país também enfrenta um difícil programa de crédito com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no valor de 44 bilhões de dólares (quase R$ 215 bilhões).
O.Merendino--PV