Inflação na zona do euro mantém queda e registra menor nível em dois anos
A inflação na zona do euro prosseguiu a trajetória de queda em setembro e registrou o resultado de 4,3% em termos anuais, o menor nível desde outubro de 2021, mas que continua muito acima da meta do Banco Central Europeu (BCE).
Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (29) pela agência europeia de estatísticas Eurostat, o índice de preços ao consumidor registrou forte desaceleração na comparação com os 5,2% de agosto.
A inflação registra queda de forma gradual, mas constante, desde o fim de 2022, depois de alcançar o preocupante índice de 10,6% em termos anuais em outubro do ano passado.
Apesar da desaceleração, o resultado de setembro permanece consideravelmente acima da meta do BCE, de aproximadamente 2%.
A partir do final de 2022, o BCE começou a elevar as taxas básicas de juros em uma tentativa de controlar os preços.
A Eurostat afirmou que o setor de alimentos (medido em conjunto com o tabaco e as bebidas alcoólicas) permaneceu como o principal vetor da inflação, com um aumento de 8,8% em setembro.
O mesmo setor, no entanto, registrou índice de 9,7% em agosto.
Por sua vez, a inflação subjacente - que exclui os reajustes dos setores de alimentos e energia - recuou para 4,5%, após o índice de 5,3% em agosto.
A queda constante da inflação e, em particular, a tendência da inflação subjacente podem convencer o BCE a interromper a política de aumento dos juros.
Na segunda-feira, a presidente da instituição com sede em Frankfurt (Alemanha), Christine Lagarde, admitiu a "dor" de manter as taxas de juros elevadas, devido ao impacto direto para as famílias.
Ursula von del Leyen, presidente da Comissão Europeia (o Executivo da União Europeia) admitiu há algumas semanas que o retorno a uma inflação na casa de 2% "ainda levará tempo".
Entre as principais economias da Eurozona, a Espanha apresentou um bom resultado, com inflação de 3,2% em setembro.
A Alemanha, maior economia da Europa, registrou índice de 4,3%, enquanto a França teve inflação de 5,6% e a Itália de 5,7%, informou a Eurostat.
Para o economista Bert Colijn, do banco ING, a desaceleração a 4,3% da Eurozona em setembro é um "bom sinal", mas alertou que as "preocupações persistem".
Ele não descartou um avanço da inflação no início do próximo ano, estimulado pela alta dos preços do petróleo.
"Como a incerteza sobre o ritmo de normalização da inflação persistirá durante algum tempo, as taxas de juros mais elevadas e durante mais tempo do BCE são definitivamente um cenário realista, apesar da queda muito promissora da inflação em setembro", disse.
O analista Jack Allen-Reynolds, da consultoria Capital Economics, fez um alerta sobre a política de ajuste monetário do BCE e disse que a instituição "não começará a reduzir os juros até o final de 2024".
Diante da possibilidade de alta da inflação no início de 2024 devido aos preços do setor de energia, ele expressou confiança que o impacto será "compensado por novas quedas na inflação básica e dos alimentos".
L.Guglielmino--PV