Pallade Veneta - Aborígenes australianos criticam resultado 'vergonhoso' de referendo sobre seus direitos

Aborígenes australianos criticam resultado 'vergonhoso' de referendo sobre seus direitos


Aborígenes australianos criticam resultado 'vergonhoso' de referendo sobre seus direitos
Aborígenes australianos criticam resultado 'vergonhoso' de referendo sobre seus direitos / foto: Tina Tilhard - CENTRAL LAND COUNCIL/AFP/Arquivos

Os líderes aborígenes australianos denunciaram nesta segunda-feira (23), após mais de uma semana de silêncio, o fracasso do referendo para conceder mais direitos a sua comunidade e criticaram a "vergonhosa" rejeição da proposta.

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As profundas divisões raciais do país foram expostas em 14 de outubro, quando 61% dos eleitores votaram "Não" em um referendo vinculante para reconhecer na Constituição os povos originários do país.

Muitos líderes indígenas adotaram uma "semana de silêncio" para absorver o que consideraram uma rejeição esmagadora por parte da maioria branca da Austrália.

Em uma carta aberta ao governo, eles criticam o que chamam de atitude "mesquinha" de milhões de australianos.

"Não aceitamos nem por um momento que este país não é nosso", afirmam na carta.

"A verdade é que a maioria dos australianos cometeu um ato vergonhoso, de modo consciente ou não, e não há nada positivo a ser interpretado", acrescenta o texto.

As reformas propostas criariam um órgão consultivo, chamado de "Voz" no parlamento, para avaliar as leis que afetam as comunidades aborígenes e combater a profunda desigualdade social e econômica.

A carta foi baseada nas opiniões de líderes indígenas, membros da comunidade e organizações que apoiaram o "Sim" no referendo.

Sean Gordon, ativista indígena que fez campanha pelo "Sim", afirmou que a carta foi publicada sem assinaturas para que os aborígenes de todo o país se identificassem com o texto.

Os responsáveis pela carta também revelaram planos para criar sua própria "Voz" para "abordar as causas das injustiças" contra sua comunidade.

O primeiro-ministro de centro-esquerda Anthony Albanese apresentou o referendo como uma forma de unir o país e resolver injustiças históricas.

Mas o projeto deixou evidente as divisões raciais que persistem na Austrália, mais de dois séculos após a colonização britânica.

Albanese prometeu que o governo continuará com o trabalho para reconhecer a população aborígene, mas não revelou suas opções.

Celebrados como uma das culturas mais antigas do mundo, os aborígenes australianos têm maior probabilidade de morrer jovens, viver na pobreza e acabar na prisão do que outros australianos.

C.Conti--PV