Sínodo aborda questão das mulheres diáconas na Igreja católica
O Sínodo dos Bispos da Igreja católica abriu a discussão, neste sábado (28), sobre a questão do diaconato feminino e considerou "urgente" integrar as mulheres nos processos de tomada de decisão na instituição, ao final de uma reunião mundial no Vaticano.
"É urgente garantir que as mulheres possam participar dos processos de tomada de decisão e assumir papéis de responsabilidade na pastoral e no ministério", diz um documento de 42 páginas, publicado neste sábado após ser submetido à votação dos 365 membros do sínodo, entre eles o papa Francisco.
Fruto de quase um mês de debates, este documento consultivo, no qual cada um de seus parágrafos teve o apoio de uma maioria de dois terços, se apresenta como "um marco" antes de uma segunda assembleia geral, que será realizada em outubro de 2024.
O documento afirma que muitas mulheres falaram de uma "Igreja que dói" e lamentaram que "o clericalismo, o machismo e o uso inapropriado da autoridade continuem marcando a face da Igreja e prejudicando a comunhão".
O texto propõe "a busca teológica e pastoral sobre o acesso das mulheres no diaconado", uma opção "inaceitável para alguns", que reflete as divisões na instituição na qual apenas os homens podem ser diáconos ou sacerdotes.
A questão do papel das mulheres foi apresentado como prioritária, mas suscitou forte resistência. As duas propostas a esse respeito foram as que receberam mais negativas, com cerca de 20% dos votos.
"Isto confirma que são questões abertas: o estudo está em andamento. Ainda há caminho a percorrer", disse, durante coletiva de imprensa, o cardeal Mario Grech, secretário- geral do Sínodo, considerando que a Igreja "cria espaços para todos".
Durante quase um mês, os membros do Sínodo, composto por bispos e laicos vindos de todos os continentes e assistidos por uma centena de especialistas, debateram em grupos e a portas fechadas temas como a poligamia, a ordenação de homens casados e o combate à violência.
Depois de uma ampla consulta de dois anos entre os fiéis, esta reunião sobre o futuro da Igreja foi iniciada em 4 de outubro entre esperanças de abertura e temores dos conservadores diante de um eventual desvio da doutrina.
Pela primeira vez, 54 mulheres, e também laicos, dispuseram do mesmo direito de voto que bispos e cardeais, uma mudança desejada pelo papa Francisco.
"É a primeira vez que se expressa de forma tão forte e clara a diversidade de perspectivas de acordo com as culturas e os continentes", disse uma das participantes, que pediu anonimato.
Esta primeira sessão plenária termina no domingo, com uma missa celebrada pelo papa Francisco na basílica de São Pedro.
Desde que foi eleito, em 2013, Jorge Bergoglio tenta reformar o sistema de governo da Igreja, tornando-a menos piramidal e mais próxima dos fiéis.
A.Saggese--PV