Hospitaleiro e eficaz, transporte público de Paris-2024 supera as expectativas
O transporte público de Paris e arredores, motivo recorrente de preocupação nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos, surpreendeu: eficaz, hospitaleiro, sem incidentes mais sérios ou tempos de espera excessivos, que atende tanto aos usuários habituais quanto aos turistas.
"Eu esperava algo muito pior", diz David Journo na plataforma da linha 9, uma das mais utilizadas durantes os jogos e também uma das mais reforçadas.
Contador que trabalha em Trocadéro, onde estão ocorrendo as competições de vôlei de praia, ele admira a frequência das composições. Neste início de agosto, há trens a cada dois ou três minutos, o que mal dá tempo para que os vagões encham.
"Acima de tudo, é uma boa surpresa em comparação com o que conhecemos de Paris", afirma Cécile Régnier, moradora de Toulouse que está visitando a capital francesa para aproveitar os Jogos com sua família.
- Aumento "exorbitante" de preço -
Roger Lughan foi contratado para receber e orientar os viajantes por uma empresa terceirizada pela RATP, o órgão público que administra o transporte público na região, e ele reconhece que às vezes fica entediado com a falta de perguntas.
"Comecei na sexta-feira (dia da cerimônia de abertura), que foi quando tivemos mais pessoas e não eram muitas", diz ele, vestido com o colete roxo dos funcionários encarregados de receber as pessoas durante os Jogos.
"No sábado, no domingo e na segunda-feira, não tinha nada, a ponto de apenas uma pessoa falar comigo a cada hora", diz o estudante, surpreso.
"Talvez haja menos pessoas do que o normal" circulando, disse na segunda-feira Jean Castex, presidente da RATP, feliz com a gestão do transporte desde o início do evento.
O único ponto que parece estar incomodando alguns turistas é o preço das passagens, que subiu de 2,15 euros (R$ 13,14, na cotação atual) para 4 euros (R$ 24,45) desde 20 de julho para financiar o transporte durante a competição.
"É por causa dos Jogos, não é?", pergunta um turista alemão surpreso, que considera a tarifa exorbitante.
"Sinceramente, funciona muito bem", diz Mark Spasov, técnico da equipe de natação da Sérvia, na linha 13, a caminho da Vila Olímpica, que fica no subúrbio, ao norte de Paris.
- Paris, "das melhores da Europa" -
"Estou em um hotel do 8° distrito e vou todos os dias à Vila Olímpica de metrô", explica. "Vivo em Viena, que tem uma das melhores redes de transporte da Europa, e Paris está no mesmo nível", acrescentou.
"Acredite, eu viajo muito pela Europa e Paris, junto com Viena, é onde está o melhor" transporte, diz o treinador.
No entanto, foram relatados problemas, como a falta de ar condicionado nos ônibus que transportam os atletas, especialmente com o calor úmido que tem feito nos últimos dias.
"Os atletas reclamaram, mas nem tudo pode ser perfeito", sorri Spasov, feliz com sua experiência vivida desde o início dos Jogos.
Na última segunda-feira, a presidente da região de Paris e diretora da Île-de-France Mobilités (empresa pública que organiza o transporte e a mobilidade na capital e nos seus arredores), Valérie Pécresse, participou de uma distribuição de garrafas de água no metrô no início da onda de calor.
A iniciativa deixou um sorriso no rosto de alguns usuários, que não estavam acostumados a tanta atenção.
"Normalmente, não distribuiríamos nada hoje", admitiu Pécresse na segunda, embora o plano contra ondas de calor tenha sido necessário no terceiro dia consecutivo de altas temperaturas.
Até mesmo o setor de transportes quer mostrar uma face exemplar durante os Jogos.
L.Barone--PV