Ataque russo contra instalações de energia na Ucrânia deixa 4 mortos
A Rússia executou, nesta segunda-feira (26), um ataque em larga escala com drones e mísseis contra instalações do setor de energia na Ucrânia, deixando ao menos quatro mortos e levando o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a reivindicar a ajuda dos aliados europeus.
As autoridades ucranianas afirmam que a Rússia atacou 15 regiões na maior campanha de bombardeios efetuada em várias semanas, com "mais de 100 mísseis de diversos tipos e uma centena de [drones] Shahed", segundo Zelensky.
Trata-se de "um dos ataques russos mais importantes", disse o presidente. "Há muitos danos no setor de energia", acrescentou.
"Poderíamos fazer muito mais para proteger vidas se a aviação dos nossos vizinhos europeus trabalhasse em conjunto com nossos F-16 e com nossa defesa aérea", afirmou Zelensky no Telegram.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que executou um "bombardeio em larga escala" contra instalações de energia necessárias para o "funcionamento do complexo industrial-militar da Ucrânia". "Todos os alvos foram atingidos", acrescentou, também no Telegram.
Pouco depois dos bombardeios, um "dispositivo voador" sobrevoou o território da Polônia, país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmando que "provavelmente" se tratava de um drone.
"As características mostram que não era um míssil hipersônico, balístico ou teleguiado", afirmou à imprensa o general Maciej Klisz, comandante das forças operacionais polonesas.
Diversos países condenaram os ataques. Os Estados Unidos denunciaram um bombardeio "escandaloso" e o Reino Unido o tachou de "covarde".
Por sua vez, a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, acusou a Rússia de "tentar destruir o abastecimento" de eletricidade da Ucrânia.
- 'Muito difícil' -
Passaram-se dois anos e meio desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, onde o barulho dos alarmes antiaéreos se tornou habitual.
No sábado, um bombardeio atribuído à Rússia atingiu um hotel em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, onde funcionários da Reuters estavam hospedados. O ataque matou um assessor de segurança e feriu dois jornalistas, segundo a agência de notícias.
O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que não tem uma informação "clara" sobre o bombardeio, depois que Zelensky denunciou que o ataque foi "deliberado".
"Vou repetir mais uma vez. Os ataques são contra alvos de infraestrutura militar ou alvos relacionados com a infraestrutura militar", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov.
Após os bombardeios russos, a operadora nacional de energia Ukrenergo realizou apagões de emergência para estabilizar a rede e o transporte ferroviário foi afetado.
Os bombardeios também atingiram instalações de energia na província (oblast) de Lviv, no oeste do país, segundo as autoridades.
Na capital Kiev, parte da população buscou refúgio nas estações de metrô e em galerias cobertas.
"É muito, muito difícil", afirmou Svitlana Kravchenko, de 51 anos, em uma estação de metrô no centro da cidade, onde se refugiou com mais de 100 pessoas.
"Ninguém pensaria que a Rússia, que já foi nossa irmã, nos causaria tanta dor", disse, antes de expressar preocupação com a possibilidade de ficar "acostumada ao medo".
O último ataque letal na capital ucraniana aconteceu em 8 de julho, quando um míssil russo atingiu um hospital infantil e deixou mais de 40 mortos.
Segundo as autoridades, duas pessoas morreram nos oblasts de Zhytomyr e Volhynia, no oeste; um em Dnipropetrovsk, no sudeste, e outra em Zaporizhizhia, no sul.
Os bombardeios também deixaram pelo menos 20 feridos. Outras duas pessoas morreram em bombardeios posteriores, segundo as autoridades.
- Evacuações no leste -
A Rússia continua avançando no leste, aproveitando-se que o Exército ucraniano é menos numeroso.
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro ucraniano e o chefe do gabinete da Presidência reiteraram a importância de poder utilizar armas ocidentais de longo alcance contra a Rússia, algo que, no momento, os aliados de Kiev rejeitam.
"É necessário", afirmou Andriy Yermak, chefe do gabinete presidencial, antes de acrescentar que isso "vai acelerar o fim do terror russo".
A.Fallone--PV