Japoneses se apressam para comprar arroz ante risco de escassez
A ameaça de um "megaterremoto", uma série de tufões e um feriado nacional de uma semana levaram alguns japoneses a multiplicar as compras de arroz, o alimento básico no país, cujo governo alertou contra as compras maciças nesta terça-feira (27).
"Podemos adquirir apenas a metade da quantidade habitual de arroz neste verão e os sacos de arroz se esgotam rapidamente", disse à AFP um vendedor de uma filial da popular rede de supermercados Fresco em Tóquio.
Algumas lojas ficaram com as prateleiras de arroz vazias ou com estoques racionados após um aviso do governo neste mês, que já foi retirado, sobre um possível “megaterremoto”. O avanço de vários tufões e o prolongamento do feriado anual de Obon estimularam ainda mais as compras compulsivas.
Outros fatores incluem a diminuição das colheitas causada pelas altas temperaturas e a escassez de água ou o aumento da demanda relacionada pelo recorde de turistas estrangeiros.
Um cartaz de uma loja de alimentos em Tóquio dizia: "Para que muitos clientes possam comprar, pedimos que comprem um (saco de arroz) por dia por família".
O funcionário do Fresco afirmou que os estoques diários esgotaram ao meio-dia. "Os clientes fazem fila antes que abra a loja, mas as pilhas de sacos, cada um com 10 quilos, sempre esgotam durante a manhã", explicou.
O ministro da Agricultura, Tetsushi Sakamoto, pediu calma nesta terça-feira. "Por favor, mantenha a cabeça fria e compre apenas a quantidade de arroz que você precisa", disse ele.
O arroz está profundamente enraizado na cultura japonesa. Sua colheita moldou a paisagem do país e foi até mesmo usado como moeda no século VII. É, de longe, o alimento básico mais consumido no país, com 7 milhões de toneladas por ano.
No entanto, a demanda vem diminuindo há algum tempo devido à redução da população e à mudança de hábitos alimentares de muitos japoneses, que optam por alternativas.
Em junho, as reservas do país foram as mais baixas desde 1999, quando dados comparáveis começaram a ser coletados, mas as autoridades acreditam que o estoque é suficiente.
A.Fallone--PV