Pallade Veneta - EUA se movimenta para fechar cerco contra Maduro

EUA se movimenta para fechar cerco contra Maduro


EUA se movimenta para fechar cerco contra Maduro
EUA se movimenta para fechar cerco contra Maduro / foto: Juan BARRETO - AFP

Os Estados Unidos estão se movimentando para apertar o cerco sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, com um projeto de lei que proíbe a assinatura de contratos com indivíduos ou empresas que façam negócios com qualquer governo venezuelano não reconhecido por Washington.

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Quase quatro meses após as eleições venezuelanas, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou na segunda-feira o projeto de lei bipartidário Bolívar, que ainda precisa da aprovação do Senado e da assinatura do presidente para entrar em vigor.

O texto, oficialmente chamado de Proibição de Transações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Ilegítimo Venezuelano, proíbe os Estados Unidos de assinarem contratos com pessoas que façam negócios “com o governo ilegítimo de Nicolás Maduro” ou qualquer outro “não reconhecido como legítimo pelos Estados Unidos”.

Caracas reagiu com uma declaração furiosa, chamando-o de “ataque criminoso”.

“De maneira desavergonhada, colocaram sigla de Bolívar, em uma ofensa ao maior gênio da história americana, que dedicou sua vida a derrotar o imperialismo e o colonialismo, antivalores contidos nesse novo ataque criminoso”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o governo venezuelano, esse instrumento tem como objetivo impedir a cooperação econômica entre os dois países e viola a Carta da ONU, “somando-se às mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais” impostas a Caracas.

Washington considera as duas últimas reeleições de Maduro fraudulentas e apoia Edmundo González Urrutia, o candidato da líder da oposição María Corina Machado, que foi forçado a se exilar na Espanha após as eleições.

Em um país politicamente polarizado, enfrentar Maduro é uma das poucas questões com a qual democratas e republicanos concordam.

Uma das forças motrizes por trás do projeto de lei é o republicano Mike Waltz, um falcão escolhido pelo presidente eleito dos EUA, o republicano Donald Trump, como futuro assessor de Segurança Nacional da Casa Branca. E ele não mede palavras.

“A Venezuela está em crise devido ao governo ilegítimo e autoritário e às políticas marxistas de Nicolás Maduro e seu cartel de Caracas”, disse ele em um comunicado divulgado na segunda-feira.

- Cortar a “rede de apoio” -

“Nossa política deve se basear na solidariedade com os corajosos ativistas que se esforçam para quebrar as correntes da opressão e não fornecer ajuda e conforto aos seus opressores”, acrescenta o congressista republicano, um defensor da expansão das sanções contra o governo do país caribenho.

“Não haverá apaziguamento, não haverá tolerância”, insiste Waltz.

A outra patrocinadora do projeto de lei, a democrata Debbie Wasserman Schultz, concorda com a necessidade de aumentar a pressão.

“A menos que os Estados Unidos se livrem dos interesses corporativos obscuros que permitem a corrupção e o roubo eleitoral de Maduro, não podemos dizer que estamos realmente comprometidos com o povo venezuelano”, diz ela.

A congressista já promoveu, com colegas republicanos, dois outros projetos de lei na Câmara Baixa do Congresso.

Por um lado, a Lei de Revogação, com o objetivo de rescindir as licenças concedidas a várias empresas petrolíferas para operar na Venezuela e, por outro, a Lei Valor, que, entre outras coisas, reafirma as sanções financeiras ao Banco Central da Venezuela, à Petróleos de Venezuela (PDVSA) e às criptomoedas venezuelanas, e bloqueia a assistência estrangeira a qualquer país que ajude Maduro.

O setor petrolífero da Venezuela está sob sanções desde 2019, mas Washington concede licenças individuais para operar na Venezuela a várias empresas, incluindo a americana Chevron, a espanhola Repsol e a francesa Maurel & Prom.

A vitória eleitoral de Trump ameaça endurecer a posição de Washington, especialmente depois que ele escolheu o senador Marco Rubio, nascido em Cuba, como futuro chefe da diplomacia, de acordo com especialistas.

Rubio “trará consigo um endurecimento da política em relação à Venezuela e à Cuba, sanções mais rígidas e, infelizmente, uma retórica mais dura e não construtiva”, disse à AFP Christopher Sabatini, pesquisador da América Latina no think tank britânico Chatham House, antes mesmo de Trump escolher o senador latino para o cargo.

L.Bufalini--PV