Distúrbios na França após morte de jovem em ação policial
A morte de um jovem atingido por um tiro da polícia provocou distúrbios em um subúrbio de Paris na madrugada desta quarta-feira (28) e muitas críticas de políticos e celebridades, como o astro do futebol Kylian Mbappé e o ator Omar Sy.
A tragédia, que provocou a retomada do debate sobre a violência policial na França, aconteceu na manhã de terça-feira em Nanterre, na periferia oeste de Paris, durante uma abordagem policial ao jovem que dirigia um carro amarelo.
Um vídeo que circula nas redes sociais, verificado pela AFP, mostra o momento em que um dos agentes aponta uma arma para o motorista e atira à queima-roupa quando ele acelera com o veículo.
Na gravação é possível ouvir a frase "você vai tomar um tiro na cabeça", mas não está claro quem pronuncia as palavras.
A fuga do jovem terminou alguns metros adiante, quando o carro bateu contra um poste. A vítima, Naël M., faleceu pouco depois de ter sido atingido por um tiro no tórax.
O caso provocou vários atos de distúrbios em Nanterre na terça-feira à noite e durante a madrugada de quarta-feira, com o balanço de 31 detidos, 24 policiais levemente feridos e 40 carros incendiados, segundo as autoridades.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou a mobilização de 2.000 policiais e gendarmes durante a quarta-feira nos subúrbios ao oeste da capital francesa para evitar novos distúrbios.
- "Situação inaceitável" -
A tragédia mais recente provocou uma onda de indignação.
"A pena de morte não existe mais na França. Nenhum policial tem o direito de matar, exceto em caso de legítima defesa", tuitou o político de esquerda Jean-Luc Mélenchon.
Além da oposição de esquerda ao presidente centrista Emmanuel Macron, astros do futebol e celebridades se uniram às críticas e pediram uma "justiça digna", nas palavras do ator Omar Sy.
"Estou sofrendo pela minha França. Uma situação inaceitável", tuitou o atacante Kylian Mbappé, do Paris Saint-Germain (PSG), que expressou pêsames à família de Naël, "um anjo que nos deixou muito cedo".
Jules Koundé, jogador do FC Barcelona, também reagiu contra o que chamou de "novo abuso policial" e chamou a situação de "dramática".
Darmanin afirmou na terça-feira na Assembleia Nacional (Câmara Baixa) que as imagens da operação são "muito impactantes", mas pediu que todos respeitem o "luto" dos parentes da vítima e a "presunção de inocência" dos policiais.
O agente de 38 anos suspeito de atirar contra o jovem está sob custódia da polícia.
A justiça abriu duas investigações: uma por homicídio doloso por parte de um funcionário público e outra pela recusa da vítima a obedecer ordens e tentativa de homicídio doloso contra funcionário.
As forças de segurança na França são acusadas com frequência de abusos ou uso excessivo da força, como durante os protestos recentes contra a reforma da Previdência.
Em novembro de 2020, Mbappé reagiu à agressão que o produtor musical negro Michel Zecler sofreu de policiais em Paris. Na ocasião, o atleta denunciou uma violência "inadmissível".
A França registrou 13 mortes em 2022 durante incidentes similares ao de Naël em operações da polícia para controlar o trânsito.
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F.Abruzzese--PV