Pallade Veneta - Nicarágua retira agrément do novo embaixador da União Europeia

Nicarágua retira agrément do novo embaixador da União Europeia


Nicarágua retira agrément do novo embaixador da União Europeia
Nicarágua retira agrément do novo embaixador da União Europeia / foto: MAXIM SHIPENKOV - POOL/AFP

A Nicarágua retirou, nesta terça-feira (18), o agrément (consentimento) do embaixador designado da União Europeia em Manágua, Fernando Ponz, em resposta a uma declaração do bloco criticando a repressão no país centro-americano, informou a Chancelaria.

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"Diante de seu comunicado intervencionista, atrevido e insolente [...], a República da Nicarágua [...] decidiu suspender o agrément que havia concedido ao Senhor Fernando Ponz como embaixador dessa Potência avassaladora", diz um comunicado assinado pelo chanceler nicaraguense, Denis Moncada.

"Nestas circunstâncias e diante do permanente cerco ao Direito de nosso Povo à Soberania Nacional, não recebemos seu Representante", acrescenta a nota dirigida a Bruxelas.

O bloco europeu já havia feito uma declaração crítica por ocasião dos cinco anos do início dos protestos de 2018, que foram violentamente reprimidos pelo governo do presidente Daniel Ortega e deixaram mais de 350 mortos, de acordo com a ONU.

"Cinco anos se passaram desde que os cidadãos nicaraguenses saíram às ruas para expressar sua legítima reivindicação dos direitos humanos (...) ao invés terem suas demandas ouvidas e respeitadas, o povo da Nicarágua enfrenta desde então uma repressão sistêmica", disse a UE no comunicado.

Centenas de opositores foram detidos no país em um contexto da repressão que se seguiu aos protestos contra Ortega, no poder desde 2007 e reeleito em eleições questionadas.

- Persona non grata -

As relações entre o bloco e o país se deterioraram drasticamente no último ano e em 28 de setembro, o governo Ortega declarou a representante da UE em Manágua, Bettina Muscheidt, como persona non grata.

Em resposta, o Conselho da União Europeia também atribuiu o mesmo status à representante da Nicarágua no bloco, Zoila Muller Goff. Além disso, renovou por um ano - até 15 de outubro - as sanções contra 21 cidadãos e três entidades da Nicarágua "tendo em vista a situação" política no país centro-americano.

As sanções originais contra o país comandado por Ortega haviam sido adotadas em 2019 e incluíam seis pessoas, embora a lista dos que foram punidos tenha aumentado gradualmente, incluindo os filhos do mandatário e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.

Todos estes funcionários estão proibidos de obter vistos para entrar na UE e todos os bens que possuem em países-membros do bloco estão congelados.

- "Novos padrões" de repressão -

A Anistia Internacional denunciou, nesta terça-feira (18), que a Nicarágua está usando "novos padrões" de violações de direitos humanos cinco anos após o início dos protestos.

O governo de Ortega, que afirma que as manifestações de 2018 faziam parte de um golpe de Estado fracassado promovido por Washington, convocou uma marcha em Manágua para comemorar o chamado "Dia da paz", pelo aniversário dos protestos.

A ONG ainda afirmou que o governo de Ortega e Murillo recorre ao uso excessivo de força, leis penais, ataques contra a sociedade civil e ao exílio forçado para silenciar seus opositores.

"A política de repressão do governo nicaraguense para conter vozes dissidentes e qualquer tipo de crítica continua crescendo, se reinventando e incorporando novos padrões de violações", disse a entidade em um relatório intitulado "Um grito pela justiça: 5 anos de opressão e resistência na Nicarágua".

Manágua não reagiu ao documento, mas o chanceler Moncada afirmou que as críticas da UE ao governo Ortega ratificam as "posições imperialistas e colonialistas que caracterizam a União Europeia".

F.Dodaro--PV