Em Portugal, Lula segue com seu retorno ao cenário internacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou nesta sexta-feira (21) a Portugal, ex-potência colonial que o Brasil considera um interlocutor privilegiado, em uma viagem que o levará também à Espanha.
"A viagem faz parte do relançamento das relações diplomáticas do Brasil com seus principais parceiros, como já foi o caso da visita à China, há 10 dias, e aos Estados Unidos, Argentina e Uruguai nesse início de governo", disse a Presidência.
O ícone da esquerda latino-americana, que depois viajará para a Espanha, prometeu recolocar seu país no centro da geopolítica global, após o relativo isolamento sob o mandato de seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro (2019-2022).
Lula, ex-metalúrgico de 77 anos, que já governou o Brasil entre 2003 e 2010, desembarcou em Lisboa nesta manhã, mas a programação da visita de Estado só começa no sábado (22), com encontros com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro socialista, António Costa.
Coincidindo com a 13ª cúpula luso-brasileira, a primeira em sete anos, serão assinados diversos acordos bilaterais nas áreas da energia, ciência, educação e turismo.
Na segunda-feira, após encontro com empresários no Porto (norte), Lula participará da entrega do Prêmio Camões, a mais alta distinção da literatura de língua portuguesa, que desta vez será entregue ao famoso cantor e autor brasileiro Chico Buarque.
- Polêmica sobre Ucrânia -
Antes de voar para Madri na terça-feira, Lula discursará no Parlamento português durante uma sessão antes das comemorações do 49º aniversário da Revolução dos Cravos, que pôs fim a 48 anos de ditadura e 13 anos de guerras coloniais na África.
A recente viagem de Lula à China, com escala nos Emirados Árabes Unidos, foi marcada por seus comentários polêmicos sobre o conflito na Ucrânia, tema espinhoso que também será discutido em sua conversa com o chefe do governo português.
No último sábado, Lula gerou polêmica durante sua estadia em Pequim ao pedir aos Estados Unidos que parem de "incentivar a guerra" na Ucrânia e que a União Europeia "comece a falar em paz".
Suas declarações foram duramente criticadas por Washington, que o acusou de "repetir a propaganda russa e chinesa sem levar os fatos em consideração".
Lula também reiterou que as responsabilidades pela guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 são compartilhadas entre os dois países.
Na segunda-feira passada, ele também recebeu o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em Brasília, que "agradeceu" ao Brasil pela "contribuição" na busca de uma solução para o conflito e por "sua excelente compreensão da gênese dessa situação".
Lula, no entanto, mudou de tom na terça-feira, condenando a "violação da integridade territorial da Ucrânia" pela Rússia.
I.Saccomanno--PV