Indígenas pedem demarcação de terras em Brasília
Milhares de indígenas se mobilizam esta semana, em Brasília, para exigir a demarcação de novas reservas em suas terras ancestrais, durante um encontro anual de membros de comunidades indígenas de todo o Brasil.
A 19ª edição do acampamento "Terra Livre", que começou na segunda-feira (24) e continua até a sexta (28), tem como lema este ano "Sem demarcação não há democracia".
É a primeira grande concentração desse tipo em Brasília desde o retorno de Lula à Presidência. O presidente se mostrou partidário do pedido dos indígenas, diferentemente de seu antecessor, Jair Bolsonaro.
Em meio aos edifícios modernistas de Brasília, indígenas se mobilizam vestidos, em sua maioria, com trajes tradicionais, cocares e pinturas corporais.
"Levamos uma semana viajando para vir aqui e o que queremos é a igualdade de direitos para todos os povos indígenas, em todo o Brasil", disse à AFP-TV Joyce Paumari Hiraka, um jovem de 24 anos com pinturas indígenas no rosto.
Na segunda, milhares se reuniram em uma grande marcha, que se estendeu por aproximadamente dois quilômetros, da Esplanada dos Ministérios até o prédio do Congresso Nacional, ao som de cantos tribais.
O encontro também inclui conferências e atividades culturais durante toda a semana na capital federal.
"A demarcação de nossas terras é muito importante para nós, para evitar as invasões dos que vêm para destruir" a selva, disse André Guajajara, de 33 anos, vindo do Maranhão.
As terras indígenas, reservadas exclusivamente para as comunidades, são consideradas pelos especialistas como um sustentáculo essencial contra o desmatamento da Amazônia, provocado, particularmente, pela expansão das atividades de mineração e agrícolas.
"Nosso território é como uma ilha de selva; há muita destruição ao redor. O governo deve cuidar do meio ambiente, como nós fazemos, os povos indígenas", disse Yakari Kuikuro Mehinaku, que vive na reserva do Alto Xingu, no Mato Grosso.
"Ao menos isso esperamos porque sofremos muito com o governo anterior", insistiu, em referência a Bolsonaro (2019-2022), que cumpriu sua promessa de não "ceder nem um centímetro a mais" de terras indígenas.
Em seu terceiro mandato, Lula criou um ministério dos Povos Indígenas.
A ministra encarregada da pasta, Sônia Guajajara (Psol), anunciou recentemente que, em breve, serão aprovadas 14 novas reservas indígenas, com uma superfície total de 1,5 milhão de hectares.
R.Zaccone--PV