Republicanos vetam nos EUA legisladora trans, que não poderá entrar na Câmara
Uma legisladora democrata transgênero dos Estados Unidos foi vetada, nesta quarta-feira (26), pela maioria republicana na Câmara do estado de Montana por se opor a um projeto de lei que, em sua opinião, viola os direitos da comunidade LGBTQIA+.
Zooey Zephyr, a primeira legisladora regional trans de Montana, não poderá entrar no recinto parlamentar, nem participar de forma presencial pelo resto do ano legislativo, após a medida disciplinar tomada pelo Partido Republicano, que domina a Câmara. Ela poderá apenas votar remotamente.
A punição coroa uma semana de confrontos na Câmara, após as palavras de Zephyr contra uma lei que acabou sancionada e que proíbe menores de idade transgênero de receber tratamentos médicos específicos, como hormônios e bloqueadores de puberdade.
"Espero que da próxima vez que inclinarem a cabeça para rezar, vejam sangue em suas mãos", declarou Zephyr na semana passada, antes de a medida ser aprovada.
Em retaliação, o presidente da Câmara, o republicano Matt Regier, havia retirado seu direito à palavra sob a condição de um pedido de desculpas. Mas nesta quarta, a moção impulsionada pelo partido conservador aumentou a punição.
"Se utilizarem o decoro para silenciar as pessoas que exigem responsabilidades, então o que estão fazendo é utilizar o decoro como ferramenta de opressão", disse Zephyr antes de seus colegas votarem a favor de impedi-la de entrar na Câmara.
"Quando disse que havia sangue em suas mãos, não estava sendo hiperbólica. Falava das consequências reais do que nós, como legisladores, votamos neste órgão", acrescentou.
"O que me pedem, na realidade, é que fique em silêncio quando minha comunidade enfrenta projetos de lei que nos matam (...) E me recuso a fazê-lo".
"A representante claramente violou os direitos do coletivo (...) e o decoro da Câmara", afirmou nesta quarta a deputada republicana Sue Vinton, ao apresentar a moção contra Zephyr, que passou com 68 votos a favor e 32 contra.
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) classificou a medida como "autoritária".
"A liberdade de expressão é essencial em nossa democracia. As pessoas trans são um componente essencial de nossa democracia, como eleitores e legisladores, e devem ser defendidas", disse Deirdre Schifeling, diretora de política nacional da ACLU.
Este é o mais recente episódio do debate sobre os direitos das pessoas LGBTQIA+ nos Estados Unidos, uma questão que divide o país.
Desde janeiro, foram aprovadas 29 novas leis que restringem os direitos de pessoas trans em 14 estados americanos, segundo uma análise de dados da União Americana de Liberdades Civis publicada esta semana pelo Washington Post.
F.Abruzzese--PV