Pallade Veneta - Hacker do Football Leaks aguarda veredito da justiça portuguesa

Hacker do Football Leaks aguarda veredito da justiça portuguesa


Hacker do Football Leaks aguarda veredito da justiça portuguesa
Hacker do Football Leaks aguarda veredito da justiça portuguesa / foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA - AFP/Arquivos

Na origem das revelações do "Football Leaks" sobre os bastidores dos negócios do futebol, o português Rui Pinto conhecerá, nesta sexta-feira (28), o veredito do Tribunal de Lisboa, onde é julgado por hacking e tentativa de extorsão.

Alterar tamanho do texto:

Uma vez acusado e testemunha protegida da justiça do seu país, o jovem de 34 anos reivindica seu papel de denunciante, mas reconheceu ter cometidos invasões informáticas ilegais para obter milhões de documentos que começou a publicar diretamente na internet no final de 2015.

Após ser transmitida a um consórcio de meios de comunicação europeus, essa abundante informação revelou duvidosas práticas que afetavam as grandes estrelas, clubes e agentes, que, posteriormente, foram objeto de reajustes fiscais e investigações judiciais em vários países.

Desde a publicação dos salários de Messi e Neymar a uma acusação de estupro contra Cristiano Ronaldo, que foi arquivada sem consequências, passando pelas estratégias do Manchester City para escapar do fair-play financeiro ou a catalogação étnica dos jogadores do Paris Saint-Germain, o mundo do futebol foi sacudido por esse gigantesco vazamento de informações.

- "Motivo de orgulho" -

"O que descobri me deixou indignado e decidi torná-lo público", declarou Rui Pinto na abertura de seu processo judicial, em setembro de 2020, acrescentando que o "Football Leaks" era "um motivo de orgulho e não de vergonha".

O réu responde a 89 casos de hacking que vão desde a violação de correspondência ao roubo de dados cometido contra o Sporting (Portugal), os fundos de investimento Doyen Sports, a Federação Portuguesa de Futebol, um importante escritório de advogados e, inclusive, magistrados da promotoria portuguesa.

Também é julgado por tentativa de extorsão, crime punido com uma pena de entre dois a dez anos de prisão. Segundo a acusação, o português quis chantagear o CEO da Doyen, seu compatriota Nélio Lucas, pedindo-lhe entre 500.000 a 1 milhão de euros (2,7 a 5,5 milhões de reais) para tirar da publicação documentos comprometedores.

Foi precisamente uma denúncia desse fundo de investimento com sede em Malta e controlado por uma família de oligarcas cazaques que pôs a polícia portuguesa na pista desse hacker autoditada, originário da região do Porto (norte).

- Detido na Hungria -

Detido em 2019 na Hungria, onde vivia, e extraditado para o seu país, Rui Pinto passou mais de um ano em prisão preventiva antes de aceitar cooperar com as autoridades em outros casos, prometendo o acesso a dados criptografados que tinha em sua posse.

No final de seu processo, admitiu ter obtido informação confidencial de forma "ilegítima" com "um grupo de amigos" que se recusou a identificar.

Também se arrependeu de seu comportamento em relação à Doyen Sports e a Nélio Lucas, descrevendo-o como "uma grande bobagem que permitiu os críticos minimizarem os méritos do 'Football Leaks'" e assegurando que nunca teve a intenção de ir até o fim com sua chantagem.

A lei portuguesa não o permite se beneficiar do status de informante, mas seus advogados esperam que os juízes tenham em conta o interesse público de suas revelações no momento de determinar seu veredito.

L.Bufalini--PV