Foguetes disparados de Gaza contra Israel após morte de palestino em greve de fome
Militantes palestinos lançaram foguetes nesta terça-feira (2) a partir da Faixa de Gaza contra Israel, após a morte de um integrante detido da Jihad Islâmica que estava em greve de fome há quase três meses.
Khader Adnan, um líder do movimento islâmico palestino que foi detido em fevereiro na Cisjordânia, morreu nesta terça-feira depois de mais de 80 dias de greve de fome.
A administração penitenciária de Israel anunciou em um comunicado a morte do detento, que foi "encontrado inconsciente em sua cela" e depois hospitalizado.
A Jihad Islâmica e o Clube de Prisioneiros Palestinos confirmaram à AFP a morte de Adnan, de 45 anos.
Pouco depois do anúncio da morte, foguetes foram lançados contra o território de Israel a partir da Faixa de Gaza, onde a Jihad Islâmica tem forte presença.
O exército de Israel registrou três foguetes disparados a partir do território palestino, que "caíram em áreas abertas".
O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, descreveu a morte de Adnan como "um assassinato deliberado" e criticou o governo de Israel por "rejeitar o pedido de libertação, ignorar sua condição médica e mantê-lo na cela, apesar da gravidade de seu estado de saúde".
O presidente do Clube de Prisioneiros Palestinos, Qaddura Faris, afirmou que Adnan é o primeiro palestino que morre em consequência direta de uma greve de fome.
Outros palestinos detidos morreram "como resultado das tentativas de alimentá-los à força", acrescentou.
Um funcionário do governo israelense disse que Adnan era uma pessoa "em greve de fome que rejeitou o atendimento médico, colocando sua vida em risco".
"Nos últimos dias, o tribunal militar de apelações decidiu contra liberá-lo da detenção apenas por sua condição médica", afirmou a fonte, que pediu anonimato.
A fonte descreveu o falecido como um "agente" da Jihad Islâmica que enfrentava acusações relacionadas às suas atividades neste movimento.
- Mensagem de despedida -
Adnan foi detido pelas forças israelenses em 5 de fevereiro perto de sua casa na cidade de Jenin (Cisjordânia), de acordo com a Jihad Islâmica, movimento considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
A Jihad Islâmica afirmou em um comunicado que Israel "pagará o preço por este crime".
"O herói liberado, Khader Adnan, morreu como mártir em um crime cometido pelo inimigo diante do mundo", acrescenta a nota.
De acordo com a administração penitenciária israelense, esta foi 10ª detenção de Adnan. A esposa do palestino, Randa Mousa, disse à AFP que ele iniciou várias greves de fome em detenções anteriores.
"Ele recusa qualquer atendimento, rejeita os exames médicos, está em uma cela com condições muito difíceis", declarou a palestina na semana passada.
Israel ocupou a Cisjordânia após a guerra dos Seis Dias de 1967 e, desde então, suas forças prendem palestinos com frequência. Os detidos são julgados em tribunais militares israelenses.
Em sua última mensagem, Adnan destacou que escrevas as palavras enquanto sua "carne e gordura derretiam".
"Peço a Deus que me aceite como um mártir fiel", afirmou, segundo a mensagem publicada na segunda-feira pelo Clube de Prisioneiros Palestinos.
Um médico da organização Médicos pelos Direitos Humanos de Israel visitou Adnan na prisão há alguns dias e alertou que ele "enfrentava o risco de morte iminente", com um pedido de "transferência urgente para um hospital".
As autoridades de Israel, no entanto, rejeitaram o pedido de transferência, segundo o grupo e a família do palestino.
D.Bruno--PV