Rússia acusa Ucrânia de usar drones para tentar assassinar Putin
A Rússia afirmou, nesta quarta-feira (3), ter frustrado uma tentativa de assassinato do presidente Vladimir Putin com drones enviados pela Ucrânia, que negou qualquer envolvimento no fato e reportou um bombardeio "maciço" russo, com várias vítimas, na região de Kherson (sul).
"Ontem à noite, o regime de Kiev tentou atingir o Kremlin", no centro de Moscou, com dois drones, que ficaram "fora de serviço", graças a "sistemas de radar de guerra eletrônica", informou a Presidência russa.
"Consideramos estas ações como uma tentativa de ação terrorista e um atentado contra a vida do presidente", acrescentou o Kremlin, acrescentando que "a Rússia se reserva o direito de tomar medidas de represália onde e quando considerar apropriado".
O presidente da Câmara Baixa do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin, instou "destruir o regime terrorista de Kiev".
E o ex-presidente russo, Dmitri Medvedev, defendeu a "eliminação física" do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
Zelensky, por sua vez, negou o envolvimento de seu país no que seria o mais espetacular dos ataques atribuídos a Kiev em território russo desde o início da intervenção das tropas de Moscou na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
"Não atacamos Putin", disse Zelensky em Helsinque, capital da Finlândia, após participar como convidado de uma cúpula de cinco países nórdicos.
Atacar o presidente russo "será uma tarefa dos tribunais. Nós vamos lutar no nosso território, estamos defendendo nossos povoados e cidades", acrescentou.
Um vídeo publicado por alguns veículos de imprensa russos nas redes sociais mostra um pequeno drone aproximando-se do Kremlin, antes de explodir. Em outra filmagem, vê-se uma coluna de fumaça sobre o prédio à noite.
Até o momento, não foi possível verificar a autenticidade das imagens com fontes independentes.
Os Estados Unidos pediram extrema cautela frente às declarações da Rússia.
"Vi a informação. Não posso validá-la, não sabemos disso", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, durante um evento em Washington. "Veria qualquer coisa que sai do Kremlin com muito cuidado", acrescentou.
As acusações russas ocorrem depois de vários atos de sabotagem e de ataques com drones nos últimos dias contra regiões da Rússia próximas à fronteira ucraniana.
Alguns drones caíram na região de Moscou nos últimos meses, mas esta é a primeira vez que uma incursão atribuída à Ucrânia ocorre no coração da capital russa, a cerca de 500 km da fronteira com a antiga república soviética.
Estes ataques ocorrem enquanto Kiev afirma estar concluindo os preparativos de uma contraofensiva para retomar os territórios ocupados pela Rússia no leste e no sul do país.
- Parada de 9 de maio -
A tentativa de ataque denunciada pelo Kremlin ocorre a poucos dias das comemorações pelo "Dia da Vitória", em 9 de maio, que celebra a vitória das tropas soviéticas sobre a Alemanha nazista, em 1945.
Várias paradas foram canceladas no país por motivo de segurança.
A região de Briansk, na fronteira com a Ucrânia, anunciou nesta quarta-feira que desistiria da comemoração, após sabotagens recentes que provocaram o descarrilamento de dois trens.
Em Moscou, no entanto, as autoridades decidiram manter a grande marcha militar na Praça Vermelha.
"O desfile vai acontecer. Não há mudanças no programa", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.
- Toque de recolher e bombardeios em Kherson -
Outras 22 pessoas ficaram feridas neste ataque, acrescentou a fonte.
As autoridades ucranianas anunciaram, nesta quarta, um toque de recolher de 58 horas em Kherson a partir da noite de sexta-feira, para permitir às "forças de ordem fazerem seu trabalho".
Segundo analistas, a região de Kherson é uma das possíveis áreas de onde as tropas ucranianas poderiam lançar sua contraofensiva. A capital homônima foi retomada pelas tropas de Kiev em novembro.
Na Finlândia, Zelensky mostrou-se otimista sobre as próximas operações bélicas.
"Acredito que este ano será decisivo para nós, para a Europa, para a Ucrânia, decisivo para a vitória" contra a Rússia, afirmou.
A União Europeia (UE) apresentou um plano no valor de 500 milhões de euros (cerca de 2,7 bilhões de reais) para acelerar a produção de munições, a fim de repor suas reservas e manter a ajuda à Ucrânia.
B.Cretella--PV