Guaidó diz que poderia acabar como Navalny se voltar à Venezuela
O opositor venezuelano Juan Guaidó declarou nesta quarta-feira (3) que, se retornar à Venezuela, poderia acabar como Alexei Navalny (ativista preso na Rússia), durante um ato em Washington em que foi interrompido por manifestantes.
O opositor venezuelano, que chegou há poucos dias aos Estados Unidos, procedente da Colômbia, de onde afirma que foi expulso, estava prestes a discursar no Wilson Center, um fórum apartidário, quando um manifestante gritou que ele era um mentiroso. Outra manifestante conseguiu subir no palco.
"Obrigado, Deus o abençoe", respondeu o venezuelano, ressaltando que os manifestantes tinham a sorte de poderem se expressar livremente nos Estados Unidos. Outro o chamou, aos gritos, de ladrão.
Guaidó, no entanto, foi fortemente aplaudido depois que funcionários do Wilson Center retiraram os manifestantes da sala.
O líder opositor perdeu aliados-chave desde 2019, quando se autoproclamou presidente interino da Venezuela invocando sua posição de líder do Parlamento, com o apoio de meia centena de países, entre eles os Estados Unidos.
Guaidó contou que acompanhou "com muita ansiedade" o retorno de Navalny à Rússia de Vladimir Putin. "Eu dizia à Fabiana: vão prendê-lo. Não irão perdoá-lo", descreveu, lembrando uma conversa com sua mulher.
"Se você me perguntar hoje se posso voltar à Venezuela amanhã, como fiz em 2019 e 2020 ou como fez o ativista russo, estou certo de que poderia ter a sorte de Navalny hoje", confessou Guaidó.
- 30 de abril -
Outro participante, um venezuelano, agradeceu Guaidó por sua luta e lhe perguntou o que aconteceu de errado em 30 de abril, dia em que Guaidó convocou as Forças Armadas a se levantarem contra o governo em frente a uma base militar de Caracas.
"Fomos ingênuos, de alguma forma, em relação à dimensão da ditadura que enfrentamos. Subestimamos não apenas Maduro, sua ligação com a Rússia, suas ligações com criminosos transnacionais", respondeu o líder venezuelano.
"O que poderíamos ter feito melhor em 30 de abril? Um: diálogo direto com aqueles que, certamente, apoiavam naquele momento as Forças Armadas e setores que estavam dispostos a ficar do lado da Constituição".
Segundo Guaidó, o governo do presidente colombiano, Gustavo Petro, ameaçou deportá-lo para a Venezuela quando ele se preparava para participar de uma conferência internacional sobre a crise política venezuelana. Temendo ser preso, ele decidiu deixar aquele país com a ajuda de autoridades americanas.
A mulher de Guaidó e suas duas filhas chegaram aos Estados Unidos na última segunda-feira, disse o venezuelano no Wilson Center.
Em Washington, Guaidó tem agendadas reuniões com congressistas. Não há previsão de encontro com funcionários do Departamento de Estado.
E.M.Filippelli--PV