Pallade Veneta - Itália exige que França peça perdão por críticas à política migratória da premier

Itália exige que França peça perdão por críticas à política migratória da premier


Itália exige que França peça perdão por críticas à política migratória da premier
Itália exige que França peça perdão por críticas à política migratória da premier / foto: اندريس سولارو, لودوفيك مارين - ا ف ب/Arquivos

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, exigiu nesta sexta-feira (5) desculpas públicas ao ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, por suas fortes críticas à política migratória da primeira-ministra Giorgia Meloni, de extrema direita.

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Darmanin disse ontem, em entrevista de rádio, que Meloni era "incapaz de resolver problemas migratórios", o que provocou uma nova crise diplomática bilateral sobre o assunto.

Tajani expressou em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo diário Il Corriere della Sera que "é um insulto gratuito e vulgar direcionado a um país amigo e aliado", e "quando alguém ofende gratuitamente outra pessoa, o mínimo é que peça desculpa".

O chanceler italiano cancelou na quinta-feira sua primeira visita a Paris, onde tinha uma reunião marcada com sua homóloga Catherine Colonna.

Colonna publicou uma mensagem em italiano no Twitter, uma tentativa de aliviar as tensões. Ele assegura que "a relação entre a Itália e França é baseada no respeito mútuo entre os dois países e seus líderes" e que conversou com Tajani.

Questionado pela AFP, o Ministério do Interior francês se recusou a comentar o pedido de desculpas da Itália.

Não é a primeira vez que o governo do presidente Emmanuel Macron entra em conflito com a Itália sobre a questão da imigração.

Em novembro, as relações ficaram tensas quando o governo de Meloni, que havia acabado de chegar ao poder, recusou-se a autorizar o desembarque de um navio humanitário da ONG SOS Méditerranée, com mais de 200 migrantes a bordo. A embarcação foi acolhida pela França em Toulon, no sul do país.

O episódio irritou Paris, que convocou um encontro europeu para que esse caso inédito não se repetisse.

As relações bilaterais melhoraram e aconteceu em março um encontro em Bruxelas entre Macron e Meloni.

No entanto, as chegadas à Itália de migrantes irregulares por barcaça, vindos do norte da África por meio de um novo corredor marítimo entre a Tunísia e a Itália, aumentaram nos últimos meses.

De acordo com o Ministério do Interior italiano, mais de 42.000 pessoas chegaram à Itália pelo Mediterrâneo até agora em 2023, em comparação com cerca de 11.000 no mesmo período de 2022.

- Acalmar os ânimos -

"A Itália é um parceiro-chave da França", disse nesta sexta-feira a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne. "Nossa relação é baseada no respeito mútuo e iremos privilegiar a concertação e um diálogo sereno para continuarmos trabalhando juntos", declarou.

O porta-voz do governo francês, Olivier Véran, tentou nesta sexta-feira acalmar os ânimos ao destacar que "não houve vontade por parte do ministro do Interior de condenar a Itália ao ostracismo".

"As declarações do porta-voz do governo francês vão na direção de quem entendeu que cometeu um erro grave, que ofendeu o governo italiano", reagiu o chanceler italiano novamente na sexta-feira no canal de notícias RaiNews24.

"Não somos um governo de extrema direita. Podem poupar alguns tons e espero que sejam apenas palavras de um ministro em campanha eleitoral. Não temos nenhum desejo de interromper as relações com a França", acrescentou Tajani.

 

"Tenho certeza de que essas dificuldades serão superadas", afirmou ele nas vésperas de um encontro em Florença, no centro da Itália.

A imprensa italiana dedica amplo espaço às tensões entre os dois países. O jornal La Repubblica, de centro-esquerda, refere-se à "bofetada de Paris", enquanto o La Stampa lembrou que "a luta contra a imigração ilegal foi o carro-chefe de Meloni durante a campanha eleitoral" em 2022.

O jornal noticiou que ela "prometeu um bloqueio naval (...) mas assim que entrou no Palazzo Chigi, sede do governo, percebeu que o projeto não era viável. E os franceses se arrependeram de ter acreditado nela".

R.Zarlengo--PV