Autora de 'Comer, Rezar, Amar' suspende lançamento de livro ambientado na Rússia após críticas
Elizabeth Gilbert, autora do best-seller “Comer, Rezar, Amar”, que se tornou um filme estrelado por Julia Roberts, anunciou nesta segunda-feira (12) a suspensão do lançamento de seu novo livro, após ser criticada pelo fato de a história ser ambientada na Rússia, atualmente em conflito com a Ucrânia.
A decisão ilustra as dificuldades que escritores, celebridades, atletas e artistas enfrentam como consequência da invasão russa à Ucrânia, iniciada por Moscou em 24 de fevereiro de 2022.
Elizabeth Gilbert havia anunciado, na semana passada, que “The Snow Forest” seria publicado no começo do ano que vem, mas uma avalanche de críticas a levaram a voltar atrás, sem estabelecer uma nova data para o lançamento.
“Recebi uma enorme quantidade de reações e respostas dos meus leitores ucranianos, expressando raiva, pesar, decepção e dor pelo fato de eu ter escolhido lançar um livro - qualquer livro, não importa o tema - que se passa na Rússia”, contou a autora, em vídeo publicado no Instagram. “Estou corrigindo a rota e retirando o livro de seu calendário de publicação”, afirmou. “Não quero acrescentar dor a um grupo de pessoas que já viveu e segue vivendo um doloroso e extremo sofrimento.”
Ambientado na Rússia soviética dos anos 1930, o romance conta a história de uma família que decide se rebelar contra o governo autoritário. Apesar da distância da situação atual, leitores foram quase unânimes no portal Goodreads em questionar a escolha do tema.
“Enquanto ucranianos morrem por causa do terrorismo russo, autores famosos escrevem livros sobre eles e romantizam esses desgraçados”, escreveu uma das centenas de pessoas que deixaram resenhas com uma estrela. "Você escreve sobre a Rússia, romantizando esse país, enquanto ele comete genocídio e ecocídio na Ucrânia? Uma completa vergonha”, queixou-se outra.
No ano passado, a Ópera Metropolitana (Met Opera) de Nova York distanciou-se da estrela russa Anna Netrebko, por seu apoio ao presidente Vladimir Putin. Atletas russos e bielorrussos foram proibidos de participar de diversos eventos esportivos defendendo suas respectivas bandeiras.
A.Fallone--PV