Líderes de Itália e França defendem trabalhar juntos após meses de tensão
O presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressaram, nesta terça-feira (20), em Paris, o desejo de "trabalhar juntos" apesar das "controvérsias", inclusive sobre o tema da migração, que provocou uma série de crises diplomáticas.
Ao receber Meloni pela primeira vez no Palácio do Eliseu, Macron destacou a "amizade" entre os dois países-membros da União Europeia (UE), que lhes permite "ter, às vezes, controvérsias, desacordos, mas sempre dentro de um ambiente de respeito".
"Tenho esperança de que, a partir do diálogo de hoje, possamos trabalhar melhor e ainda mais juntos", disse a primeira-ministra italiana, que definiu perante a imprensa ambos os países como "protagonistas na Europa".
Os governos de Macron, que se define como um centrista pró-europeu, e de Meloni, líder de uma coalizão ultraconservadora desde outubro, protagonizaram embates, sobretudo relacionados à gestão da migração.
Paris denunciou uma decisão "inaceitável" de Roma quando esta última rejeitou em novembro receber o navio humanitário Ocean Viking com 230 migrantes resgatados no Mediterrâneo a bordo, que acabaram desembarcando na França.
No entanto, a tensão chegou ao ápice quando o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, afirmou em maio que a chefe de governo italiana era "incapaz de resolver os problemas migratórios para os quais foi eleita".
Roma exigiu desculpas e, simultaneamente, as diplomacias de ambos os países trabalharam para restabelecer os laços.
O chefe de Estado francês defendeu nesta terça-feira a "coordenação" entre ambos para alcançar uma organização "mais eficaz" de asilo na Europa. Mas sempre "fiéis aos nossos valores", ressaltou.
A primeira-ministra italiana, que defendeu sua visão mais rigorosa sobre o tema, também destacou a necessidade de continuar "trabalhando juntos em nível bilateral e multilateral".
"Apesar das diferenças políticas e ideológicas entre os dois governos, Meloni e Macron estão cientes de que a França e a Itália devem agir juntas", assegurou o historiador Marc Lazar, professor da Universidade Sciences Po, à AFP.
Entre seus interesses comuns estão o apoio à Ucrânia diante da invasão russa e a renegociação do pacto europeu de estabilidade financeira, indicou o especialista.
Giorgia Meloni também viajou a Paris para defender a candidatura de Roma para sediar a Exposição Universal de 2030. A França já expressou seu apoio à proposta da Arábia Saudita: Riade.
D.Vanacore--PV