Presidente do COI lamenta boicote ucraniano em algumas competições
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, lamentou nesta quinta-feira o boicote ucraniano a algumas competições recentes, entre elas os Mundiais de judô e de taekwondo, para protestar contra a reintegração de atletas russos e bielorrussos.
"É realmente difícil entender o motivo de o governo da Ucrânia privar seus próprios atletas de uma oportunidade de se classificar para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, e privar o público ucraniano deste orgulho", afirmou Bach após a 140ª sessão do COI.
"São punidos pelo seu próprio governo por uma guerra lançada por russos e bielorrussos", acrescentou o dirigente alemão.
Bach, campeão olímpico de esgrima nos Jogos de 1976 e que foi privado de defender seu título em Moscou 1980 por um boicote, nunca viu com bons olhos a interferência política nos esportes. Nesta quinta-feira, ele lembrou "as instruções do Ministério dos Esportes da Ucrânia" dadas antes dos Mundiais de judô e de taekwondo.
As autoridades ucranianas encaram como inaceitável o COI reintegrar russos e bielorrussos em suas competições, sob bandeira neutra e com a condição de não apoiarem a guerra na Ucrânia, e ameaçam boicotar os Jogos de Paris caso atletas dessas nacionalidades participem do evento, um ponto sobre o qual o comitê tomará uma decisão "no momento apropriado", repetiu Bach.
"O que a comunidade olímpica e a comunidade mundial querem é que os atletas ucranianos possam brilhar com toda sua chama nas competições internacionais, o que implica participar desde já das etapas de classificação", ressaltou o COI.
"É difícil compreender por que podem participar no tênis, mas não no tênis de mesa. Sim no ciclismo, mas não na natação", criticou Bach.
Defendendo um enfoque do COI "centrado nos atletas e baseado em seus valores", em particular a "não discriminação" entre atletas, o dirigente reconheceu estar "entre a cruz e a espada".
"A parte russa quer que ignoremos a guerra, a parte ucraniana quer que isolemos todos que tiverem um passaporte russo ou bielorrusso", disse.
"Cada uma dessas posições é diametralmente oposta à nossa", acrescentou Bach, aumentando o suspense sobre a presença de russos e bielorrussos em Paris daqui a pouco mais de um ano.
- Críticas à Polônia -
O presidente do COI também criticou o governo polonês por ter "interferido na autonomia do esporte", após a Federação Internacional de Esgrima ter sido obrigada a transferir os recentes campeonatos europeus para a Bulgária porque Varsóvia não concedeu vistos aos esgrimistas russos e bielorrussos.
Se os Estados decidirem quais atletas podem participar de uma competição, "teremos os Jogos do bloco político A, os Jogos do bloco político B, e outros jogos diferentes para países não alinhados", explicou Bach, em um panorama que lembra a época dos boicotes durante a Guerra Fria.
"Os Jogos Olímpicos universais não seriam possíveis", concluiu.
A.Graziadei--PV