Pallade Veneta - Reunião do clima de Paris chega ao fim com pressão para imaginar nova ordem financeira

Reunião do clima de Paris chega ao fim com pressão para imaginar nova ordem financeira


Reunião do clima de Paris chega ao fim com pressão para imaginar nova ordem financeira
Reunião do clima de Paris chega ao fim com pressão para imaginar nova ordem financeira / foto: Emmanuel DUNAND - POOL/AFP

A reunião sobre o clima de Paris entrou nesta sexta-feira (23) no segundo e último dia de trabalhos, com a pressão de alcançar resultados que estabeleçam uma nova ordem financeira mundial, capaz de atender plenamente a luta contra o aquecimento global.

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Representantes de mais de 100 países participam desde quinta-feira do encontro, que pretende desbloquear bilhões de dólares de dinheiro público e privado, indispensáveis para a transição energética e a adaptação dos países vulneráveis à mudança climática.

As negociações têm a participação de quase 40 chefes de Estado e de Governo, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, além de representantes da sociedade civil e executivos de bancos regionais de desenvolvimento.

O desafio passa por modernizar o papel das instituições multilaterais como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que segundo o clamor dos países do Sul devem ser plenamente orientados a suas necessidades na luta contra a mudança climática, o combate contra a pobreza, o desenvolvimento humano e a proteção da biodiversidade.

Mas a confiança é reduzida entre os países mais vulneráveis, reunidos no grupo V20 (composto por 58 países), após uma série de promessas não cumpridas por parte das nações mais desenvolvidas.

O presidente do Quênia, William Ruto, declarou à AFP que compareceu à reunião "não para pedir ajuda" aos países ricos, e sim para obter uma reforma da arquitetura financeira mundial que permita aos países em desenvolvimento "participar na solução".

Entre as possíveis medidas estão o alívio da dívida, a ampliação da capacidade de empréstimo dos organismos financeiros multilaterais, a mobilização do setor privado e um novo sistema tributário.

Na questão da dívida, alguns gestos foram anunciados na quinta-feira.

Os países credores de Zâmbia aceitaram reestruturar 6,3 bilhões de dólares da dívida do país africano, que declarou moratória em 2020.

E o Banco Mundial afirmou que adotará novas "ferramentas, como oferecer uma pausa no pagamento da dívida" em caso de catástrofes.

O FMI anunciou que alcançou o objetivo de redistribuir 100 bilhões de de dólares de direitos especiais de saque prometidos aos países pobres para o desenvolvimento e a transição climática.

- "Plano Marshall" de investimentos -

"A crise climática implica um grande plano Marshall global de investimentos", baseado na taxação das transações financeiras e em "trocar dívida por ação climáticas", afirmou o presidente colombiano, Gustavo Petro, na quinta-feira.

O imposto sobre as transações financeiras é algo muito difícil de concretizar na reunião de Paris, mas a presidência francesa acredita que existe margem de manobra para promover uma taxa sobre as emissões de carbono do transporte marítimo.

Neste sentido, o presidente francês Emmanuel Macron pediu nesta sexta-feira uma "mobilização" para a adoção de taxas internacionais sobre as transações financeiras, as passagens aéreas e o transporte marítimo, com o objetivo de financiar a luta contra a pobreza a e a mudança climática.

A França expressou a esperança de que este ano a promessa dos países ricos de contribuir com 100 bilhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento para ajudá-los na luta contra a mudança climática seja finalmente cumprida.

Uma quantia prometida em 2009, que seria atendida com três anos de atraso em relação ao prazo previsto de 2020 e que deve ser certificada pela OCDE.

- Lula com Macron -

A reunião de Paris também é marcada por vários encontros bilaterais.

O presidente Lula teve quatro reuniões na quinta-feira, com os presidentes da África do Sul e de Cuba, Cyril Ramaphosa e Miguel Díaz-Canel, com o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, e com o presidente da próxima reunião de cúpula do clima da ONU (COP28), Sultan al Jaber, dos Emirados Árabes Unidos.

Após o fim dos trabalhos do encontro de Paris, Lula almoçará com Macron no Palácio do Eliseu para conversar sobre a ratificação do acordo entre UE e Mercosul.

Uma reunião na qual Macron chegará sob pressão dos agricultores franceses, que exigem um "não firme e definitivo" ao acordo em seu formato atual por questões de regulamentação ambiental e sanitária. Ao mesmo tempo, Lula prometeu defender os interesses do agro brasileiro.

P.Colombo--PV